Criar expectativas na maioria das vezes é cavar a própria cova, especialmente quando se tem um secto fiel de fãs como são os da Marvel Studios. É um risco que só vale a pena correr quando se tem plena confiança que vai entregar. E, felizmente para nós, Vingadores: Guerra Infinita entrega.
As promessas eram gigantescas: “é o maior filme da Marvel até agora”, “o maior crossover de todos os tempos”, “o melhor filme de heróis que o cinema já viu”, foram só algumas das frases que os confiantes realizadores proferiram durante a divulgação.
O maior desafio era de longe conseguir dividir o tempo de tela de modo que não privilegiasse apenas meia dúzia de heróis e acabasse só sendo um filme com elenco inchado de coadjuvantes. Feito.
As interações são na medida, misturando personagens cômicos com seus semelhantes de outros núcleos e os heróis mais sisudos com outros que não são tão chegados a piadinhas. Além de que vários personagens considerados menores tiveram um destaque e brilharam de uma forma surpreendente pela primeira vez, menção honrosa para a Feiticeira Escarlate e Gamora.
O maior desafio era de longe conseguir dividir o tempo de tela de modo que não privilegiasse apenas meia dúzia de heróis e acabasse só sendo um filme com elenco inchado de coadjuvantes. Feito.
Também seria difícil surpreender os fãs sendo que tudo que poderia ser feito já foi especulado em algum fórum no Reddit, revista especializada ou no YouTube. Feito.
O mais impressionante é que, por mais que a internet, jornalistas e especialistas tenham “adivinhado” direções para o filme – até por ele ser baseado em quadrinhos já terminados -, ainda tivemos a sensação de inesperado em diversas cenas. Mais especificamente no paradeiro da Jóia da Alma. Não digo mais nada.
Terceiro ponto crítico: dar ritmo para um filme que tem que realizar várias tarefas narrativas e com aproximadamente duas horas e meia de duração. Feito, e com maestria.
Devido às mudanças de núcleos constantes e o fato que o filme parece um grande terceiro ato, onde tudo culmina para acontecer, quase não há um momento de respiro. Literalmente. Por vezes você se pega prendendo a respiração, o que leva a um quarto ponto muito positivo: a porra ficou séria!
As perdas doem e os atos têm consequências imediatas que ao menos parecem ser permanentes. Pela primeira vez você teme pelos heróis, pois já nos minutos iniciais a trama deixa bem claro que os vilões “não estão aqui para fazer prisioneiros” (adaptando porcamente a expressão americana, mas que pode ser literal também). E isso é ótimo! Ninguém assiste a Homem de Ferro esperando que Tony Stark morra, ou realmente acredita que o Pantera Negra não vai mais voltar antes da metade do seu filme solo. Isso simplesmente não acontece com personagens principais, praticamente nascemos sabendo.
Só que talvez alguém tenha esquecido de avisar: o único protagonista aqui se chama Thanos.
O melhor vilão da Marvel no cinema?
Eu não sei se o Titã Louco é o melhor vilão de todos os tempos ainda, mas definitivamente é o mais assustador. Não por seu tamanho, ou voz grossa e poderes quase que imbatíveis, mas pela sua serenidade. Como um tubarão, é o silêncio e a expectativa que ele pode chegar a qualquer momento que faz dele um antagonista aterrorizante. O que pode parecer improvável vindo de um gigante roxo de regata.
Vingadores: Guerra Infinita é a sua jornada e, se analisarmos a narrativa tendo ele como protagonista, o filme é sim uma história fechada com início, meio e fim. Já se olharmos do ponto de vista dos heróis, é só uma primeira parte (como sabemos que é), já que o final deixa em aberto o futuro deles.
Espero que não haja um deus ex machina gigante em Vingadores 4 (já gravado e com data de estreia para 2019) e tudo seja completamente revertido, seria covarde e apagaria um pouco da inventividade dos diretores. Apesar de saber que é muito provável que algo assim aconteça, e não vou explicar os motivos para não correr o risco de dar spoilers, existem alguns acontecimentos que precisam ser permanentes, por mais dolorosos que sejam para um universo PG-13.
Vingadores: Guerra Infinita termina deixando na gente um sentimento de perplexidade, satisfação, tristeza e uma expectativa ainda maior do que a anterior ao filme. E se isso não é entretenimento de primeira, não sei o que é.
Para constar
*Pela primeira vez o relacionamento entre Visão e Feiticeira Escarlate foi tocante e não pareceu só preencher a “porcentagem mínima de casais de um filme”. Os dois protagonizam duas das cenas mais bonitas e dolorosas do longa.
**Tom Holland é o meu Homem-Aranha e irei defendê-lo. Tobey Maguire nadinha.
***Capitão América e Viúva Negra dando um pau nos vilões = verdadeira definição de tanto faz.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.