Estreia hoje em Curitiba, no Cine Guarani e na Cinemateca, A Vizinhança do Tigre, potente híbrido de documentário e ficção, com direção do mineiro Affonso Uchoa, vencedor dos prêmios de melhor filme tanto do júri quanto da crítica na Mostra de Tiradentes 2014 e da Associação Brasileira dos Críticos de Cinema (Abraccine) no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, no mesmo ano.
O longa retrata o cotidiano de cinco garotos, alguns ainda na adolescência, moradores de um bairro na periferia de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte: Juninho, Neguinho, Eldo, Adilson e Menor. Meio homens meio meninos, consomem e traficam drogas, andam de skate, brincam de ser bandidos, dançam e cantam rap, e se desnudam de corpo e alma para a câmera. O resultado é interessantíssimo.
O filme nasceu sem roteiro algum, a partir de visitas que Uchoa fez à comunidade.
O filme nasceu sem roteiro algum, a partir de visitas que Uchoa fez à comunidade. Foi a partir de um contato mais intensivo com os garotos, estudando seus cotidianos, que acabou encontrando os atores com quem se interessou em trabalhar, e começou a pensar os personagens. Tinha mais de 30 horas gravadas e compôs um roteiro em que muitas cenas já haviam sido filmadas. Pensou em questões fundamentais para cada personagem, alguns desafios e motivações e imaginou algumas sequências e, por já os conhecer, escreveu situações que alguns deles já haviam vivido.
O roteiro teve muitas cenas que não foram filmadas e outras gravadas sem estarem escritas, pois a relação avançou, a vida deles também e havia situações que deixaram de fazer sentido, enquanto outras se mostravam mais urgentes.
E essa urgência é o ponto forte do longa, que arrebata pela coragem de não se render ao mero melodrama social, e buscar chegar muito próximo da realidade que retrata, captando a respiração da vida que se dá diante do olhar da câmera.
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