AMostra de Cinemas Africanos começa amanhã, 6, em São Paulo, e na quarta-feira, 7, em Curitiba. Único festival realizado no Brasil exclusivamente dedicado ao cinema africano contemporâneo, a edição 2022 chega pela primeira vez à capital paranaense.
Serão apresentados cerca de 50 produções, entre curtas e longas-metragens, de realizações contemporâneas, muitos deles inéditos. Com curadoria da brasileira Ana Camila Esteves e da espanhola Beatriz Leal Riesco, essa edição dará especial destaque à produção feminina.
Ao longo dos dias de festival, o público de São Paulo terá a oportunidade de participar de atividades paralelas, com debates, masterclasses e painéis com a presença de realizadores.
Mostra de Cinemas Africanos: a África sob a lente feminina
A edição de 2022 do festival tem como seu grande destaque a especial atenção da curadoria às produções realizadas por cineastas africanas contemporâneas. Nomes proeminentes da arte continental, como Babalwa Baartman e Aïssa Maïga, terão exibidos títulos da Mostra de Cinemas Africanos.
Senegalesa radicada na França, Aïssa tem longa carreira como atriz. Indicada como melhor esperança feminina no 32º César, em 2007, ela estreia como diretora no documentário Caminhar Sobre a Água, que estreia no Brasil na programação da mostra. O filme apresenta registros da cineasta sobre os efeitos das mudanças climáticas e da globalização em uma aldeia do Níger[1].
A edição de 2022 do festival tem como seu grande destaque a especial atenção da curadoria às produções realizadas por cineastas africanas contemporâneas.
Já Babalwa, cuja carreira tem procurado refletir as mudanças sociais para os povos africanos, é co-roteirista e produtora de Boa Senhora, longa-metragem dirigido pela sul-africana Jenna Bass que busca tecer comentários sobre as relações raciais na África do Sul pós-apartheid.
O festival ainda fará a estreia mundial de Otiti, da nigeriana Ema Esosio, que acompanha a história de uma costureira que assume a responsabilidade de cuidar de seu pai doente, justamente o homem que a abandonou na infância. Ema estará, ainda, na programação com uma masterclass.
No total, a programação terá 28 longas, sendo 15 deles da curadoria oficial. Como nas últimas edições, haverá uma programação online. São 27 curtas, todos exibidos online na plataforma Sesc Digital, disponível para todo o Brasil ao longo da Mostra de Cinemas Africanos, com excessão da programação feita em parceria com a Cinemateca da França.
Festival trará Jean-Marie Teno, grande nome do cinema africano
Jean-Marie Teno é um dos cineastas mais prolíficos da África. Nascido no Camarões, atuou no início de carreira como crítico de cinema para a revista Bwana. Sua estreia aconteceu em 1983, com o curta-metragem Schubbah.
Mas foi com Afrique, je te plumerai que o cineasta deu contornos ao que seria a sua trajetória enquanto realizador. No documentário, Teno analisa os efeitos do colonialismo e do neocolonialismo em seu país.
Sua produção tem interesse em pessoas reais e na análise do impacto que a história e a política têm na formação das nações do continente anteriormente dominadas pelo imperialismo europeu[2].
O longa será exibida na Mostra Cinemas Africanos, em comemoração aos seus 30 anos. Jean-Marie Teno ainda participará de uma conferência sobre a trajetória do documentário enquanto gênero no cinema africano, juntamente com os pesquisadores Alexie Tcheuyap (Camarões) e Sada Niang (Senegal).
Em Curitiba, o cineasta oferecerá uma masterclass sobre sua carreira, além de conduzir a exibição de curtas de jovens documentaristas de seu pai, realizados sob sua supervisão.
Programação principal da Mostra de Cinemas Africanos
Longas-metragens Principais
- A Esposa do Coveiro (La Femme du Fossoyeur, Somália: 2021), dir.: Khadar Ayderus Ahmed – trailer
- Afrique, je te plumerai (França/Camarões: 1992), dir. Jean-Marie Teno* – trailer;
- Apenas um Movimento (Juste un Mouvement, Senegal/França/Bélgica: 2021), dir.: Vincent Meessen – trailer;
- Boa Senhora (Mlungu Wam, África do Sul: 2021), dir.: Jenna Bass*;
- Cabo-de-Guerra (Vuta N’Kuvute, Tanzânia: 2021), dir.: Amil Shivji – trailer.
- Caminhar sobre a Água (Marcher sur l’eau, França/Níger: 2021), dir.: Aïssa Maiga* – trailer;
- Contos da Cidade Acidental (Tales of the Accidental City, Quênia: 2021), dir.: Maimouna Jallow* – trailer;
- Dentro da Casa (Dans la Maison, Marrocos: 2020), dir.: Karima Saidi – trailer
- Esposas em Suspenso (Femmes Suspendues, Marrocos: 2021), dir.: Merieme Addou – trailer;
- Freda (Haiti/França: 2021), dir.: Gessica Généus – trailer;
- Geada de Netuno (Neptune Frost, Ruanda/EUA: 2021), dir.: Saul Williams e Anisia Uzeyman – trailer
- Juju Stories (Nigéria: 2021), dir.: Surreal16 Collective – trailer
- Lingui (Chade, França: 2021), dir.: Mahamat-Saleh Haroun – trailer;
- Nós (Nous, França: 2021), dir.: Alice Diop – trailer;
- Nós, Estudantes! (Nous, Étudiants!, República Centro-Africana, França, República Democrática do Congo, Arábia Saudita, 2022), dir. Rafiki Fariala – trailer;
- Otiti (The Sins of the Father, Nigéria: 2022), dir.: Ema Edosio*;
- Um conto de amor e desejo (Une histoire d’amour et de désir, França), dir.: Leyla Bouzid – trailer.
* Cineastas convidados presentes no evento.
SERVIÇO | Mostra de Cinemas Africanos
São Paulo
Onde: CineSesc São Paulo (R. Augusta, 2075 – Cerqueira César); Cinusp (R. do Anfiteatro, 109) – programação alternativa; Circuito Spcine: Sala Lima Barreto (CCSP – Rua Vergueiro, 1000); e Sala Roberto Santos (Rua Cisplatina, 505: programação alternativa);
Quando: de 6 a 20 de julho;
Quanto: valores variam de entrada gratuita a R$ 24,00 consulte a sessão..
Curitiba
Onde: Cine Passeio (R. Riachuelo, 410); Cinemateca de Curitiba (Rua Presidente Carlos Cavalcanti, 1174);
Quando: de 7 a 13 de julho;
Quanto: valores variam de entrada gratuita a R$ 24,00; consulte a sessão.
Para mais informações, consulte o site oficial da mostra clicando aqui. Para a programação dos curtas online, acesse o site oficial do Sesc Digital clicando aqui.
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[1] Sesc SP
[2] Melissa Thackway, em Reel Resistance: the Cinema of Jean-Marie Teno; AFRICINE.org
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