Nascida em New Haven, Connecticut, no ano de 1954, filha de mãe alemã e pai soldado norte-americano, Su Friedrich já foi descrita como cineasta autobiográfica, cineasta experimental, documentarista, cineasta independente, cineasta feminista e cineasta lésbica.
Integrante da mostra Olhar Retrospectivo do 11º Olhar de Cinema, Friedrich sempre fez questão de se esquivar de todos os rótulos que lhe foram aferidos. Não há outra maneira com que tenha se apresentado do que cineasta.
Sua carreira se iniciou na Nova Iorque do fim dos anos 1970, transitando por diferentes formatos e linguagens, refletidos nos 25 filmes que realizou, assinando a direção, fotografia e montagem na maioria deles.
A maneira como procura sintetizar estruturas formais e experiência humana em seu trabalho a colocam como uma das mais importantes cineastas experimentais contemporâneas[1]. Há detalhes incontornáveis em seu trabalho, como o ethos político feminista e lésbico, que ressoam em suas obras.
Há detalhes incontornáveis em seu trabalho, como o ethos político feminista e lésbico, que ressoam em suas obras.
Há uma extensa, profunda e complexa análise feminista e lésbica de “discursos sociais e culturais, rituais, instituições e estruturas de poder”[2], como apontar Michael Zryd e Lynn Bell em artigo no Senses of Cinema.
O olhar de Su Friedrich se volta a uma investigação sobre as preocupação que a cineasta possui, “através de perspectivas íntimas da experiência emocional”[3].
Estão ali suas leituras sobre sonhos (Pelo Rio Abaixo, 1981), sexualidade e religião (Para Sempre Condenadas, 1987), casamento (First Comes Love, 1991), rompimentos (Rules of the Road, 1993), adolescência (Esconde-esconde, 1996), relacionamento parental (Os Laços que Unem, 1984; Nade ou Afunde, 1990) e saúde e doença (As Chances de Regeneração, 2002).
Seu estilo, de maneira geral, opta por centralizar as imagens dos corpos femininos e exibir, sem maiores reservas, a “sedução estética da carne e do movimento”[4].
Como afirma Scott MacDonald em entrevista conduzida com a realizadora, o tratamento estético dos corpos femininos não visa transformar a figura representada na tela, mas “apreciá-la sob a perspectiva da beleza e da força que essas mulheres possuem, bem como seus movimentos”[5].
Sua escolha para a mostra é ainda mais importante por ser a primeira cineasta mulher a integrá-la, em um processo cada vez mais importante da curadoria do Olhar de Cinema em dar voz e vez a diferentes observações sobre o fazer cinema – e as consequências disso.
Com uma linguagem acolhedora e acessível, detalhe importante para uma cineasta tão inovadora, os seis longas-metragens de Su presentes no festival devem ser motivo de procura pelo espectador.
“Houve um período em que eu achava que era importante me negar tudo, incluindo todos os tipos de prazer cinematográfico, para ser politicamente correto e salvar o mundo , mas acho que se você fizer isso, você se esgota e não tem nada a oferecer ao resto do mundo.”[6]
SERVIÇO | Olhar Retrospectivo Su Friedrich
- PELO RIO ABAIXO (Su Friedrich | Estados Unidos da América, 1981, 13’) – veja horários
- OS LAÇOS QUE UNEM (Su Friedrich | Estados Unidos da América, 1984, 55’) – veja horários
- PARA SEMPRE CONDENADAS (Su Friedrich | Estados Unidos da América, 1987, 42’) – veja horários
- NADE OU AFUNDE (Su Friedrich | Estados Unidos da América, 1990, 48’) – veja horários
- ESCONDE-ESCONDE (Su Friedrich | Estados Unidos da América, 1996, 63’) – veja horários
- AS CHANCES DE REGENERAÇÃO (Su Friedrich | Estados Unidos da América, 2002, 65’) – veja horários
- NÃO POSSO TE DIZER COMO ME SINTO (Su Friedrich | Estados Unidos da América, 2016, 42’) – veja horários
Quando: 1º a 9 de junho;
Onde: Cine Passeio, Cinemark Mueller, Teatro da Vila, Cinemateca de Curitiba, Museu Oscar Niemeyer;
Quanto: R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia).
–
[1] Sense of Cinema
[2] Sense of Cinema
[3] Sense of Cinema
[4] Scott MacDonald, The Independent, dezembro de 1990
[5] Scott MacDonald, The Independent, dezembro de 1990
[6] Scott MacDonald, The Independent, dezembro de 1990
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.