Na noite de segunda-feira, Margareth Menezes foi empossada como ministra da Cultura do recém-recriado Ministério da Cultura. Durante a cerimônia, foram apresentados os primeiros nomes a ocupar cargos dentro do órgão. Falta, no momento, a indicação para a presidência da Ancine.
Assumiram cargos no MinC os seguintes nomes:
- Secretaria-Executiva – Márcio Tavares
- Secretaria dos comitês de cultura – Roberta Martins
- Secretaria de formação, livro e leitura – Fabiano Piúba
- Secretaria de Diversidade e Cultura – Zulu Araújo
- Secretaria de economia e fomento à cultura – Milton Menezes
- Secretaria do Audiovisual – Joelma Gonzaga
- Secretaria dos Direitos autorais e intelectuais – Marcos Souza
- Fundação Palmares – João Jorge Rodrigues
- Fundação Biblioteca Nacional – Marco Lucchesi
- Funarte – Maria Marighella
- Ibram – Fernanda Castro
- Iphan – Leandro Grass
- Fundação Casa de Rui Barbosa – Alexandre Santini
Conheça os perfis dos indicados às secretarias dos Ministério da Cultura.
Márcio Tavares – Secretário-executivo
Dos nomes anunciados, o de Márcio Tavares já era conhecido desde o ano passado. O agora secretário-executivo se licencia do cargo de Secretário Nacional de Cultura do PT, posto que ocupava desde 2017. Ele também foi coordenador cultural da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.
Tavares é doutor em História da Arte pela UnB. No período em que residiu no Rio Grande do Sul, foi Coordenador de Memória, História e Patrimônio da Secretaria de Estado da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, Diretor do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, Diretor do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, do Memorial do Rio Grande do Sul e diretor do Museu dos Direitos Humanos do Mercosul (MDHM).
Márcio Tavares pesquisa formas de censura à arte e a “guerra cultural” da extrema-direita no Brasil. Parte de sua trajetória acadêmica e curatorial teve foco na arte da América Latina, museologia, arte, história política da América Latina e relações entre história e cultura visual.
Roberta Martins – Secretaria de Comitês de Cultura
Socióloga e educadora, Roberta Martins ficará a cargo da Secretaria de Comitês de Cultura. Gestora municipal de Cultura de Niterói desde 2013, coordenou a Fundação de Arte de Niterói (FAN), órgão vinculado à Secretaria Municipal das Culturas, que atua no estímulo e promoção de manifestações de caráter artístico e cultural de interesse da cidade.
Sob sua gestão na cidade carioca, estavam o Theatro Municipal João Caetano, o Museu de Arte Contemporânea, a Companhia de Ballet da Cidade de Niterói, entre outras unidades. Roberta também foi Coordenadora-Geral de Estratégias e Gestão das Ações da Diretoria de Programas Integrados do MinC.
Fabiano Piúba – Secretaria de Formação, Livro e Leitura
Para a Secretaria de Formação, Livro e Leitura, foi nomeado o doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Fabiano Piúba. Piúba foi Diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do Ministério da Cultura entre 2009 e 2011, além de 2014. Atualmente, era secretário de Cultura do Ceará, cargo ocupado no período de 2016 a 2022.
Entre as atribuições de Piúba estará a democratização do acesso ao livro, à leitura e à literatura. Os marcos legais e as ações adotadas em sua gestão na Secretaria de Cultura do Ceará deverão servir de referência para a atuação no Ministério da Cultura.
Leandro Grass – Iphan
Deputado distrital, sociólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável pela UnB, Gestor Cultural ex-pesquisador do Observatório de Políticas Públicas Culturais da UnB, Leandro Grass é filiado ao PV e concorreu ao governo do Distrito Federal nas últimas eleições, quando foi superado por Ibaneis Rocha (MDB). Sua indicação para presidir o Iphan foi considerada um encaixe político, com vias de atender ao PV, que ficou fora do primeiro escalão dos ministérios.
Na contramão do que defendiam servidores e o conselho do instituto, Grass assume sem atender ao perfil técnico esperado, para um órgão que precisará ser revisto depois do aparelhamento conduzido pelo governo do ex-presidente Bolsonaro.
Em entrevista, Grass disse que sua gestão visará fortalecer a política do patrimônio cultural, além da valorização dos quadros técnicos.
Zulu Araújo – Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural
Diretor Geral da Fundação Pedro Calmon, órgão vinculado à Secretaria de Cultura da Bahia, responsável por coordenar a implementação, articulação e gerenciamento de políticas culturais nos campos da leitura, bibliotecas, arquivos e memória baianas, desde 2015, Zulu Araújo assume a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural.
Araújo é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia. Foi diretor e presidente da Fundação Cultural Palmares. Entre suas designações estão a gestão da Política Nacional de Cultura Viva, instituída pela Lei nº 13.018/2014, e planejar, coordenar e avaliar programas e ações para promover a diversidade cultural brasileira, inclusive no que tange ao acesso à produção dela.
Alexandre Santini – Fundação Casa de Rui Barbosa
Um dos formuladores da Lei Aldir Blanc, o gestor cultural e atual secretário de Cultura de Niterói, Alexandre Santini, substitui Letícia Dornelles, exonerada ainda em 2022, na Fundação Casa de Rui Barbosa.
Durante a transição de governo, Santini colaborou como técnico no GT de Cultura. Ele é mestre em Cultura e Territorialidades (UFF) e bacharel em Artes Cênicas (UniRio). Entre 20 15 e 2016, foi diretor de Cidadania e Diversidade Cultural no MinC. Além de participar na redação da Lei Aldir Blanc, foi coordenador da Articulação Nacional de Emergência Cultural.
Henilton Menezes – Secretaria de Fomento e Economia da Cultura
Falta, no momento, a indicação para a presidência da Ancine.
Com largo conhecimento em políticas públicas culturais, o gestor cultural e jornalista cearense Henilton Menezes assume a Secretaria de Fomento e Economia da Cultura. Entre 2010 e 2013, foi Secretário Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. É autor do livro A Lei Rouanet muito Além dos (F)Atos.
Entre as ideias defendidas por Menezes, chama a atenção a ideia de desenvolver modelos de apresentação de projetos e de prestação de contas mais simplificados, para democratizar as leis de incentivo à Cultura.
Joelma Gonzaga – Secretaria do Audiovisual
Produtora de cinema, a baiana Joelma Gonzaga vai assumir a Secretaria do Audiovisual. Head de produção da Maria Farinha Filmes, produtora com foco em equidade de gênero e transformação social, Joelma é conhecida por trabalhos de sucesso, como a série Aruanas, da TV Globo, e o filme Doutor Gama, que narrou a vida do advogado, jornalista, escritor e herói abolicionista baiano, Luiz Gama.
Ela possui extensa lista de filmes premiados e exibidos nos principais festivais do mundo, como Cannes, Locarno, Festival do Rio, ao longo de mais de uma década de atuação. O Audiovisual é considerado um dos setores mais estratégicos para o Ministério da Cultura. A previsão é de que a verba, apenas para o Cinema, gire em torno de R$ 2,8 bilhões.
Marcos Souza – Secretaria de Direitos Autorais e Intelectuais
Servidor público há mais de duas décadas, Marcos Souza é mestre em Antropologia pela UnB. No Ministério da Cultura, nos governos Lula e Dilma, foi Diretor de Direitos Intelectuais, responsável pela política de direitos autorais da pasta. Foi um dos redatores da LCP nº195/2022, popularmente conhecida como Lei Paulo Gustavo.
Foi assessor da liderança do PT no Senado para a área da cultura de 2018 a 2022, onde foi um dos redatores da Lei Paulo Gustavo.
João Jorge Rodrigues – Fundação Cultural Palmares
Um dos fundadores do bloco Olodum, João Jorge Rodrigues assume a Fundação Cultural Palmares com a imensa responsabilidade de resgatar o órgão, sucateado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao canal GloboNews, a ministra Margareth Menezes tornou pública a ausência de energia elétrica do espaço que a instituição hoje ocupa, sinalizando sua mudança de local.
Advogado e mestre em Direito Público pela UnB, Rodrigues traz a experiência de ter sido diretor da Fundação Gregório de Matos, órgão cultural da Prefeitura de Salvador. O novo secretário também já integrou o conselho da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Fernanda Castro – Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)
Anunciada na quinta-feira, Fernanda Castro assume a presidência do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Fernanda é historiadora, mestre e doutora em Educação, e mestranda em Museologia, além de servidora de carreira do Ibram.
Castro foi representante dos servidores do Ibram, gestora da Rede de Educadores em Museus e coordenadora do Ceca Brasil-ICOM (Comitê para Educação e Ação Cultural do Conselho Internacional dos Museus no Brasil).
A nova presidente do Ibram participou, ainda, da construção da Política Nacional de Educação Museal e foi diretora substituta do Museu Histórico Nacional.
Maria Marighella – Fundação Nacional de Artes (Funarte)
Vereadora de Salvador, Maria Marighella (PT) é atriz formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em sua trajetória, a neta de Carlos Marighella foi coordenadora de Teatro da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e da própria Funarte, que agora assume como presidente.
Maria também foi Diretora de Espaços Culturais da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult/BA). Em suas redes sociais, a vereadora agradeceu o convite, que sinalizou como tarefa irrefutável na “retomada da construção da Política Nacional das Artes”. Maria Marighella também pontuou a importância de conectar as políticas públicas de cultura ao Brasil do futuro. Ela é a primeira mulher nordestina a ocupar a presidência da Funarte.
Marco Lucchesi – Fundação Biblioteca Nacional
O último nomeado até o momento foi Marco Lucchesi, professor titular de Literatura Comparada na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), da qual foi presidente de 2018 a 2021.
Lucchesi atuou na Coordenação Geral de Pesquisa e Editoração da Biblioteca Nacional, responsável pela edição de catálogos e fac-símiles entre 2006 e 2011. Também foi membro do Conselho Nacional de Política Cultural do Ministério da Cultura (2015-2017).
Poeta, Lucchesi chegou a recusar a Medalha da Ordem do Mérito do Livro no ano passado, em desagravo à entrega da mesma distinção ao ex-deputado federal bolsonarista Daniel Silveira.
Lucchesi tem perfil de liderança com bastante foco em projetos sociais, como os que aplicou durante a presidência da ABL, além de projetos de doações de livros para prisões, terras quilombolas, comunidades e aldeias e povos ribeirinhos.
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