Histórias sobre os perigos da inteligência artificial são tão antigas quanto o próprio gênero da ficção científica em Hollywood. Nos últimos anos, no entanto, o número de filmes que abordam o tema cresceu e passou a ocupar uma variedade diferente de obras, que vão da comédia romântica – Ela (2013) – aos filmes de super-herói – Vingadores: Era de Ultron (2015).
A ideia de um computador que aprende sozinho a partir dos dados disponíveis na rede, inclusive, tem substituído o medo do sobrenatural em certas narrativas. É o caso do remake de Brinquedo Assassino (2019), dirigido por Lars Klevberg. Na história, o boneco deixa de incorporar o espírito de um serial killer e passa a matar por causa de um erro no protocolo de segurança.
O recente M3GAN (2023), produzido por James Wan e dirigido por Gerard Johnstone, vai pelo mesmo caminho. Uma desenvolvedora de brinquedos (Allison Williams) tem um projeto de uma boneca, movida à inteligência artificial e usa a própria sobrinha (Violet McGraw) – cujos pais morreram em um acidente de carro – para testar a invenção. A personagem robótica, como se espera, aos poucos vai tomando consciência dos problemas impostos por sua programação e passa a agir de modo assassino para proteger a criança.
A estratégia do departamento de marketing da Universal foi certeira. A boneca se tornou um hit e chegou a ser adotada como ícone queer nas redes sociais.
Pelo argumento do roteiro, o filme pode parecer repetitivo e sem qualquer inspiração. Há elementos dessa mesma história em obras como Ex-Machina (2015), Upgrade: Atualização (2018) e na animação A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (2021), para ficar só nos exemplos recentes. Isso sem contar na reinterpretação de Chucky pela obra de Klevberg, que é muito similar ao título.
M3GAN, porém, se destaca na construção de personagem. Desde os primeiros trailers, a boneca é apresentada como um novo símbolo do horror, por meio de uma pose de diva, de músicas pops e por danças de TikTok. A estratégia do departamento de marketing da Universal, responsável pela distribuição, foi certeira. As prévias viralizaram. A boneca se tornou um hit e chegou a ser adotada como ícone queer nas redes sociais.
Quando estreou em janeiro deste ano, o filme se tornou um imediato sucesso de bilheteria, diferentemente do remake de Brinquedo Assassino. Também foi aprovada pela crítica. Não é por menos. Wan e Johnstone conduzem a obra de maneira muito competente pelos clichês da história, que, em tempos de sistemas de linguagens artificiais como Alexas e chatGPT, se torna muito próxima da nossa realidade.
ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA
Para continuar a existir, Escotilha precisa que você assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Se preferir, pode enviar um PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.