Desde o primeiro Godzilla, de 1954, os americanos desenvolvem suas próprias versões do monstro gigante japonês. Para o lançamento do clássico de Ishirô Honda nos cinemas dos Estados Unidos, um produtor chamado Edmund Goldman negociou uma adaptação completamente nova usando trechos do filme da Toho.
A nova edição estreou em 1956 e foi comandada por Terry O. Morse. O corte adicionava o ator Raymond Burr como um jornalista norte-americano na cobertura do ataque da criatura a Tóquio. Nesse semi-remake, que tinha uma narração e os diálogos dublados e ressignificados em inglês, o protagonista assumia o papel de idealizador do mecanismo que destruiria a ameaça radioativa.
Burr voltaria ao papel em 1985. Isso porque um ano antes a Toho havia lançado, com bastante sucesso, uma refilmagem-sequência do filme original de 1954. A adaptação serviria como uma continuação para a história do corte americano.
Mais ou menos no mesmo período, o cineasta Steve Miner, conhecido por dirigir alguns títulos da franquia Sexta-Feira 13, adquiriu os direitos para uma versão inteiramente hollywoodiana para o monstro de Honda. O longa-metragem se chamaria Godzilla: King of the Monsters in 3D.
A refilmagem de Godzilla pela TriStar foi parar nas mãos de Roland Emmerich, que decidiu que deveria fazer uma história inteiramente nova, ignorando qualquer referência dos longas-metragens da Toho.
O roteiro dessa tentativa ficou a cargo de Fred Dekker, de A Noite dos Arrepios (1986) e Deu a Louca nos Monstros (1987). A trama misturava elementos de espionagem e um clima de filme desastre inspirado pelas obras produzidas por Irwin Allen. O próprio escritor conta um pouco dessa trajetória em um dos episódios do podcast Best Movies Never Made (ouça aqui).
O design da criatura para essa versão foi desenvolvido por William Stout, cujo estúdio de arte trabalhou em obras como Os Caçadores da Arca Perdida (1981), Conan, O Bárbaro (1982) e o clipe Thriller, de Michael Jackson. Pelos storyboards é possível perceber que Godzilla, aqui, se pareceria muito mais com um dinossauro do que com sua contraparte japonesa.
Os custos elevados de produção impossibilitaram que a versão fosse para frente. O sucesso de Jurassic Park (1993) e a popularidade do monstro nas telas nipônicas na primeira metade dos anos 1990 reacenderam o interesse por uma refilmagem americana do rei dos monstros. Entre 1991 e 1995, a Toho lançou um longa-metragem por ano estrelado pela criatura radioativa.
A TriStar adquiriu os direitos para uma nova versão americana no início da década e abordou diversos roteiristas por ideias para um filme hollywoodiano de Godzilla. O escritor Clive Barker chegou a ser sondado por ideias para um roteiro. No fim, o projeto foi parar nas mãos do diretor de fotografia Jan de Bont, àquela altura um cineasta em ascensão por causa de seu filme de estreia, Velocidade Máxima (1994).
O novo projeto seria bem próximo dos filmes japoneses, colocando o monstro para enfrentar um grifo gigante. Os efeitos visuais e a concepção do protagonista seriam desenvolvidos por Stan Winston. Novamente, o orçamento astronômico exigido para o projeto e as constantes mudanças exigidas pelo estúdio levaram o cineasta a se demitir do cargo e ir trabalhar em Twister (1996). O argumento se tornou uma graphic novel, lançada em 2018.
A refilmagem de Godzilla pela TriStar foi parar nas mãos de Roland Emmerich, que decidiu que deveria fazer uma história inteiramente nova, ignorando qualquer referência dos longas-metragens da Toho. O sucesso de Independence Day (1996) o empoderou para a produção, que finalmente estreou em 1998 e se tornou um dos filmes mais criticados do monstro (leia mais). Também enterrou qualquer possibilidade de uma nova adaptação americana para a criatura por quinze anos, quando a Legendary adquiriu os direitos para a adaptação de 2014.
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