Rodado na cidade de Guarapari, no litoral do Espírito Santo, O Cemitério das Almas Perdidas (2020) terá sua primeira exibição na próxima semana com a promessa de ser o primeiro épico de horror do cinema brasileiro. A produção será o filme de abertura da 10ª edição do Cinefantasy – Festival Internacional de Cinema Fantástico, que ocorre entre os dias 6 e 20 de setembro na plataforma Belas Artes à la Carte.
Para o diretor Rodrigo Aragão, que conversou com a Escotilha, o longa-metragem é “uma fábula épica de terror enraizada na história do Brasil.” A trama acompanha um jesuíta que é corrompido pelo poder do livro negro de Cipriano e invade o Brasil com um grupo de seguidores, que logo são amaldiçoados e precisam viver eternamente atrelados a um cemitério. A história ainda tem circo de horrores, índios e vampiros.
“O filme foi imaginado há muito tempo. Comecei a escrever o roteiro em 2002. Estou ansioso para que as pessoas possam vê-lo finalizado”, explica Aragão. Para dar vida às próprias ideias, o cineasta contou com um orçamento de R$ 2,1 milhões, obtidos por meio de leis de incentivo à cultura.
‘O Cemitério das Almas Perdidas’ será exibido no serviço de streaming do cinema Belas Artes no dia 7 de setembro.
O custo da produção é bem maior do que os R$ 600 mil que usou para rodar A Mata Negra (2018), seu último filme. “O orçamento facilita muito. Permitiu que a gente pudesse trabalhar de uma maneira muito profissional, sem acumular funções e num padrão correto de profissionalismo”, explica ele, que já precisou cuidar de direção, maquiagem e efeitos visuais, entre outras funções, em obras como Mangue Negro (2009), A Noite dos Chupacabras (2011) e Mar Negro (2013).
Para viver o vilão Cipriano, Aragão convocou o ator Renato Chocair, que tem uma extensa carreira no teatro. “Meu personagem passa por muitas transformações ao longo do filme”, explicou o intérprete à reportagem sem entrar em muitos detalhes. Para uma dessas mudanças, o profissional precisou enfrentar até cinco horas de preparação de maquiagem. “Eu me diverti muito, mas não dá para ser muito fresco para trabalhar numa produção dessas” [risos].
Chocair revela que a escala da produção é muito impressionante. “Quando recebi o roteiro, fiquei em dúvida se aquilo era Brasil ou Hollywood”, brinca. A opinião é compartilhada pela atriz Allana Lopes, que interpreta a indígena Aiyra. “Fui para Guarapari meses antes [de as filmagens começarem] para conhecer a equipe. O cenário estava em construção. Voltar depois para gravar e ver tudo pronto foi mágico para mim.”
A artista comenta que sua personagem é a protagonista do filme. “Ela é uma jovem índia com um dom especial. A tribo dela é atacada pelos exploradores e ela é feita prisioneira.” Allana, que diz ser fã de horror desde criança, conta que uma das coisas mais desafiadoras da produção foram as cenas de ação. “Nós corríamos, nos jogávamos no chão e ainda precisávamos nos cuidar para não se machucar.”
O Cemitério das Almas Perdidas será exibido no serviço de streaming do cinema Belas Artes no dia 7 de setembro. Antes disso, o longa-metragem terá uma sessão no Belas Artes Drive-In, em São Paulo, no dia 6 , como parte da abertura do 10º Cinefantasy. Ao longo do festival, o público também poderá conferir uma retrospectiva dos filmes de Rodrigo Aragão.
O cineasta espera que o público se divirta com a obra. “Acho que, como em todos os meus filmes, quem quiser embarcar na história vai se divertir. Quem quiser achar problemas, também vai encontrar. Só espero que as pessoas consigam se entreter. Neste momento difícil que a humanidade está passando, precisamos de entretenimento mais do que nunca”.
Depois de passar pelo Cinefantasy, O Cemitério das Almas Perdidas fará o circuito de festivais. Algumas exibições estão programadas para ocorrer ainda este ano. A produção já tem distribuição internacional. No Brasil, o filme deve circular com o selo da Elo Company.