A mais recente paixão das crianças aqui de casa é um desenho da DreamWorks que está na Netflix e se chama A Casa Mágica da Gabi. A protagonista – uma pessoa de carne e osso – tem um quarto incrivelmente decorado com aquilo que ela mais ama no mundo: gatos. E a partir da interação com os bichos de pelúcia em formato de gato ela se transporta para um mundo mágico e, junto com ela, os telespectadores embarcam nas aventuras, que acontecem dentro dos diversos cômodos de uma casa de brinquedo.
O desenho é baseado no livro The Little Dollhouse, escrito por Jan Lebeika em 1996. Lançado em janeiro pela plataforma de streaming, tem avaliação positiva de 93% do público. A série mistura ação e animação. Todo episódio começa com a Gabby humana recebendo uma espécie de correspondência mágica, o start para as aventuras. Aí ela abraça o bichinho de pelúcia favorito e se transporta para a imaginação, onde uma versão miniaturizada dela se diverte em uma casa de bonecas.
O desenho é bem feito, colorido e fofinho. A cada episódio, uma “aventura mirabolante” que entretém as crianças. Além do desafio a ser superado – comum nos roteiros – o desenho sempre conduz a uma mistura de ação DIY, seja um desenho, uma colagem ou outra atividade manual, jogos, receitas culinárias ou artesanato.
A junção do universo do imaginário infantil, gatos graciosos coloridos e um enredo sempre politicamente correto deixa o desenho ser uma unanimidade. A Gabby, uma garotinha negra que mostra com orgulho seus cabelos cacheados diz, em um dos episódios: “De todas as cores do mundo, a que eu mais gosto é a minha”.
A Casa Mágica da Gabby é um desenho repleto de reforços positivos ou, como chamam por aí, é politicamente correto.
Os personagens também apresentam diferenças, como um gato tratado no masculino que usa roupas muitos coloridas e adereços que tipicamente são de mulheres – minhas filhas acharam que ia ser uma menina, então encararam essa “contradição” -, o que pode parecer um bobagem, um pequenez, mas que significa muito para os pequenos: quase dá para ver as sinapses acontecendo nas cabecinhas delas que, segundos depois dizem para si mesmas: “ah, entendi, tudo bem”.
A Casa Mágica da Gabby é um desenho repleto de reforços positivos ou, como chamam por aí, é politicamente correto. O que acho ótimo, afinal, a maior parte dos outros títulos voltados para o público pré-escolar não tem ênfase tão construtiva.
Em todos os episódios, Gabby ressalta os seus erros: não de um jeito ruim, mas mostrando que errar faz parte do aprendizado e que apesar deles podemos evoluir, nos desenvolver e concretizar nossos planos. “Falhamos fantasticamente”, diz a protagonista em diversos episódios.
Os 18 episódios de 22 minutos da primeira temporada já foram repetidos à exaustão por aqui e agora aguardamos a renovação da temporada (e das músicas, que todos os integrantes da casa já sabem de cor).
Não sabia do lançamento, mas acabamos assistindo desde que foi ao ar. O título me chamou a atenção logo de cara e fui pesquisar sobre a obra. Em pouco mais de mês do desenho, já pipocaram produtos relacionados à obra: jogos para o celular, bonecas, bichos de pelúcia e anúncios de casinhas de brinquedo iguais à dela. Interessante notar o mercado de outros produtos que cada audiovisual infantil movimenta: além da economia, percebe-se o papel central desses personagens no cotidiano infantil e a necessidade de que sejam exemplos positivos e realistas.