Curitiba possui uma relação próxima com a arte urbana já há algum tempo. Poty Lazzarotto, um dos grandes nomes que a cidade produziu, via nos murais a oportunidade de levar sua arte para o mundo. Nos últimos anos, artistas como Rimon Guimarães têm feito uma conexão entre a capital paranaense e outras cidades, estados e países através do graffiti.
De forma parecida, um dos projetos que ajuda a manter viva a produção da arte urbana na cidade é o Mucha Tinta, criado em 2007.
Entre os dias 13 e 27 de agosto, um projeto do Mucha Tinta levará os artistas Douglas Pereira e Renato Reno às ruas de Curitiba para a realização de um painel de quase 300 metros quadrados. O público, sendo ele qualquer transeunte que estiver próximo, poderá acompanhar de perto a criação do enorme mural que deve passar a fazer parte permanente da paisagem da cidade, numa espécie de live-painting de longa duração.
Entre os dias 13 e 27 de agosto, um projeto do Mucha Tinta levará os artistas Douglas Pereira e Renato Reno às ruas de Curitiba para a realização de um painel de quase 300 metros quadrados.
Douglas e Renato, o Bicicleta Sem Freio
Os dois artistas são responsáveis pelo grupo Bicicleta Sem Freio e antigos colegas de faculdade. Há anos, ilustram trabalhos que parecem verdadeiros frames congelados de animações, e que acumulam elogios. Possuem murais em lugares como Montreal, México, Havaí e trabalhos encomendados pela Nike e UFC.
Uma descrição do trabalho do Bicicleta Sem Freio é feita por Marck Al, da Nitrocorpz Design Studio: “Acho que a principal característica desse grupo é o trabalho manual, o capricho tipográfico e o desenho de garotas, muitas garotas. Com influências quem vão de Edward Mucha a James Jean, os garotos exploram com maestria as cores, as formas e as curvas dos mais variados tipos de garotas, sempre com uma dose de piscodelia e humor únicos.”
Obra pública
Para o trabalho que deve ser realizado em Curitiba, mais especificamente no número 686 da Rua Marechal Deodoro, o grupo conta com o apoio da Fundação Cultural da cidade para aumentar o acervo da arte pública.
Vendo a rua, a cidade e a paisagem urbana também como algo que pertence e pode ser apreciado pelo público, a ideia da criação do mural é, também, de fazer acontecer um evento de apreciação da arte tomando forma. A designer Giusy De Luca, idealizadora do Mucha Tinta, vê o projeto como uma iniciativa de aumentar o contato do público geral com ações culturais.
“Convidamos o Bicicleta Sem Freio para que a arte contribua de uma maneira mais afetiva e efetiva no repensar e atuar na urbanidade”, diz Giusy. “Dados do IBGE revelam que 96% dos brasileiros não frequentam museus e que 93% nunca foram a uma exposição de arte, por isso é tão importante levar a arte até as pessoas. Nosso objetivo principal é de acesso público, estamos apresentando uma obra de arte em escala monumental que instiga a reflexão dos transeuntes.”
Assim, segundo a visão dos idealizadores e dos próprios artistas, a própria criação do mural concretiza uma iniciativa de acesso à arte e cultura, deixando-as mais próximas da realidade cotidiana.
Além disso, ao promever ações culturais em espaços não isolados e fazendo-as acontecer em contato direto com o público, garante-se um alcance maior: pessoas que por tempo, dinheiro ou conveniência nunca conseguiram cultivar o hábito de apreciar obras de arte poderão acompanhar a concepção de um gigantesco projeto.
Portanto, entre os dias 13 e 27 de agosto, aqueles que estiverem pelas redondezas do número 686 da Rua Marechal Deodoro, em Curitiba, poderão acompanhar o passo a passo do projeto Muchas Cores, realizado pelos artistas do Bicicleta Sem Freio.
Quem não conseguir acompanhar o processo certamente poderá passar mais tarde para conferir o trabalho finalizado. O mural contará com o aval da Fundação Cultural de Curitiba para permanecer indefinidamente no paredão escolhido.