Eu sempre procurei me encontrar através da escrita. Não que eu tivesse certeza sobre o que escrever, mas eu imaginava que era possível encontrar as palavras de uma forma mais fácil do que encontrar as razões. Ou mesmo agir.
Se eu tivesse dúvidas, recorria ao dicionário. Se eu não tivesse a certeza, talvez os outros também não a tivessem. E se ficasse com medo, inseria um adjetivo.
“Muito provavelmente hoje eu não consiga mais me encontrar nela, mas a uso como mecanismo para decifrar meus enigmas, meus segredos e minhas inseguranças.”
Eu nunca considerei escrever como válvula de escape, tampouco como método de fuga. Na verdade, a escrita foi durante muito tempo minha melhor amiga. É confuso, eu sei.
A escrita, de certa forma, é um ato isolado, no qual você e só você sabe o que virá a seguir. Se não de sua cabeça, quem sabe das mãos ou dos dedos.
Escrever tomou na minha vida o lugar da terapia. É claro que não desmereço o trabalho de um bom analista, mas convenhamos, escrever ainda é de graça. E escrevendo eu posso mentir, o que se torna inviável a cento e cinquenta reais a hora.
Muito provavelmente hoje eu não consiga mais me encontrar nela, mas a uso como mecanismo para decifrar meus enigmas, meus segredos e minhas inseguranças.
A grande questão da escrita é que ela não existe enquanto não é lida. E se não é lida ela perde seu sentido. Mas qual o sentido então da escrita? Se o encontrar por aí, diga que o estou procurando.