Há algo que me incomoda profundamente nas festividades de fim de ano, e parte disso se deve à obrigatoriedade de comemorá-las. Sejamos sinceros, essa coisa de paz e amor é conversa pra boi dormir. Natal costuma ser um estresse total: shoppings lotados, estacionamentos sem vagas, preços exorbitantes e muito, mas muito mau humor. Crianças querem, na verdade, presentes. Adultos também. Crianças querem comer além da conta. Adultos também. Família? Só se for para dar o presente ou preparar a refeição.
Em geral, nas grandes famílias, você será obrigado a conviver umas horas ao lado do seu tio homofóbico, do seu primo machista, com a sobrinha mimada e por aí vai. Isso, quando os problemas não começam nos laços consanguíneos de primeiro grau. É, amigos, o mar não tá pra peixe.
A parte azeda nestes sete dias é essa pressão social. Você precisa de uma árvore em casa; uma guirlanda na porta; luzes piscando na varanda; um panetone; um chocotone; um peru; um espumante; vários presentes. Ao final, você percebe que aquele papo de confraternização, paz, amor, alegria, felicidade e demais desejos da época não passam de… papo. E não, isso não é reclamação de “gente amarga”, é a constatação de que da boca pra fora, as festividades de fim de ano são lindas, mas, no mundo real, vivemos em sete dias igual ou mais estresse que em todo o restante do ano.
Você precisa de uma árvore em casa; uma guirlanda na porta; luzes piscando na varanda; um panetone; um chocotone; um peru; um espumante; vários presentes.
E fica aquela sensação de que é proibido falar que você se incomoda com o período e “tudo que ele representa”. Invariavelmente você cai na pressão, mais cedo ou mais tarde. Seja através das (inúmeras) campanhas publicitárias, seja ao ir ver um filme no cinema (afinal, as salas de rua “non eczistem”) e se deparar com as decorações (todas iguais) natalinas, os supermercados e aquela galera sedenta pela ave sagrada, as nozes, uvas passas e toda refeição que seja característica das comemorações. E o bom que seria, ao menos, poder ficar em casa, bem, isso apenas se você for só, caso contrário, o “bicho” do fim de ano irá morder alguém próximo, e aí, parceiro, já era.
Por isso, em defesa da sanidade mental, peço encarecidamente o impeachment das festas de Natal e Ano Novo. E antes que me chamem de golpista, estou mais para o Grinch.