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A psicologia da falange

porYuri Al'Hanati
21 de setembro de 2020
em Yuri Al'Hanati
A A
A psicologia da falange

Imagem: I.A/Reprodução.

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Uma falange é uma unidade de formação militar de infantaria. O modelo, já considerado arcaico antes mesmo da época de Jesus, foi destacado como uma das primeiras formas de organização bélica bem sucedida por ser desenhado sobre um fluxograma de psicologia básico.

A falange consiste em um bloco de soldados organizados apertadamente em um retângulo. As fileiras podem ter um tamanho variado e a profundidade de homens necessária para lidar com ataques flanqueados, muito embora a comprovada ineficácia de defesas a investidas laterais logo tornou a falange obsoleta. Mas, geralmente, entre 8 e 16 homens. Quanto mais conseguirem se espremer, melhor é a falange. Os soldados carregam lanças em uma mão, enquanto, em outra, disponibilizam um escudo, que protege não tanto a si próprio, mas principalmente o soldado imediatamente ao lado. Eis o primeiro dispositivo de manipulação psicológica da falange: para não carregar o escudo diretamente à frente do corpo e, dessa maneira, ter espaço para manobrar as longuíssimas lanças, os soldados precisam contar uns com os outros para o sucesso da unidade.

A falange consiste em um bloco de soldados organizados apertadamente em um retângulo. As fileiras podem ter um tamanho variado e a profundidade de homens necessária para lidar com ataques flanqueados, muito embora a comprovada ineficácia de defesas a investidas laterais logo tornou a falange obsoleta.

O segundo dispositivo psicológico utiliza a idade. Generais gregos e romanos frequentemente usavam soldados mais jovens para as posições mais imediatas da falange, ao passo que soldados velhos e experientes ocupavam a retaguarda. Isso porque uma retaguarda que decidisse correr e desmontar a unidade condenaria a todos – o que é uma atitude prevista para um soldado jovem e inexperiente. Aos soldados das primeiras fileiras (uma posição horrível para se estar, é verdade), só era permitido ir para a frente. Soldados da segunda fileira pressionavam os da primeira, e os da terceira pressionavam os da segunda, e assim por diante. De maneira que a falange era, acima de tudo, uma unidade que, por falta de opções e total incapacidade de deliberação, atacava sem hesitar. Como as batalhas antigas consistiam basicamente de ataques frontais, o sucesso, mesmo que à custa de muitas vidas, estava garantido.

Mas há um porém. Aquilo que falangistas definem como “soldado bem treinado” é na verdade, um homem-massa espremido em um rebanho inconsequente. O treinamento da falange é sempre o exercício da intemperança — burrice quase sempre alçada à qualidade de bravura em distribuição de medalhas militares.

Assim como na falange, a vida bem-vivida é a vida empurrada para a frente pelos pares, que, sucessivamente, compõem a pressão social que chamamos de civilização. A deliberação, nesse modelo, é desviante e perigosa, instiga o próximo e coloca em risco todo o esquema. E, ainda assim, não está ao alcance de todos.

A possibilidade de deliberar e debandar está em algum lugar no meio da falange, entre um soldado muito jovem e um muito velho, alguém capaz de convencer os colegas de trás a se voltarem contra sua retaguarda e fugirem, dessa maneira, da morte iminente. A conjunção de mente rebelde e posição privilegiada é rara, mas, quando acontece, tudo está acabado para o modelo engessado e mortífero em que nos colocam à força. Diante disso, apenas é possível desejar boa sorte e bons julgamentos a quem pode.

Tags: CrônicadeliberaçaoExércitofalangepsicologiarebeldiaretaguarda

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