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Home Crônicas Yuri Al'Hanati

Nadar pela manhã

porYuri Al'Hanati
25 de maio de 2015
em Yuri Al'Hanati
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Imagem: Arquivo Pessoal.

Imagem: Arquivo Pessoal.

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Todo ser humano deveria ter o direito de poder nadar pela manhã. Se não puder ser no mar, que seja em uma piscina, de preferência aquecida nos dias mais frios para que o prazer não se transforme em trauma. Ser envolvido pela água poucos minutos depois de acordar é como voltar para a cama, mas para um outro tipo de cama. Uma cama dinâmica que exige seus sentidos e suas iniciativas a todo tempo, sem contudo abandonar a ternura e o conforto de uma cama. Locomover-se na horizontal, por fim, eis um objetivo a ser buscado por todos aqueles que acabaram de acordar. Um lento progresso para os que despertam vagarosamente – alguns não chegam a despertar completamente antes do meio-dia, afinal – e para quem andar sobre duas pernas é um esforço que deveria ser reduzido para um mínimo necessário.

Aqui há um paradoxo: acordar cedo é um desses males inevitáveis da vida em sociedade, e tirando uns e outros de quem se pode suspeitar do pleno funcionamento das faculdades mentais, não há quem goste dessa interrupção do sono em horário tão precoce. Contudo, quanto mais cedo se nada, melhor. Desbravar a manhã dando pernadas e braçadas n’água torna o dia incrivelmente mais suportável, não só pela ideia do exercício matutino que é sempre benéfico, mas por um segundo despertar que consiste em sair molhado de seu leito aquático e dinâmico. Boa parte do sono se vai, mas o ideal seria voltar a dormir, para um terceiro despertar. Quanto mais se desperta pela manhã, melhor ela fica. Nadando ou não, mas de preferência sim.

“É necessário nadar desapegado do sentido de exercício ou de terapia necessária, nadar sem pretensão, sem vontades maiores do que simplesmente nadar.”

Quando morava na praia, fui pouquíssimas vezes à praia logo ao acordar, porque estava sempre com sono e fisicamente indisposto, não importava a hora e o dia. Mas quando volto para minha casa no litoral sul do Rio de Janeiro, sempre que posso e as condições meteorológicas permitem, atravesso a rua e com trinta ou quarenta passos, estou no Oceano Atlântico. Passo um tempo sentindo as marolas e as ondas quebrando perto do pico matutino da maré e então volto, para meu banho e para meu café da manhã. Os dias que começam assim são melhores do que os dias que não começam assim.

E que não se faça disso um objetivo a ser alcançado: nadar tantos metros ou tantos minutos. É necessário nadar desapegado do sentido de exercício ou de terapia necessária, nadar sem pretensão, sem vontades maiores do que simplesmente nadar. Abandonar o corpo ao movimento, como um estágio de semi-vigília para o qual não se pode impor nada. Pensar pequeno, como todos aqueles que estão sonhando enquanto você está nadando. Não há coisa melhor para a saúde da alma.

PS: Também é verdade que os dias que começam com um banho terapêutico nas termas do Hotel Gellért, em Budapeste são melhores do que os dias que não começam dessa maneira. Mas isso é outra história, embora também tenha a ver com nadar de manhã. Não é sempre que se tem a oportunidade de nadar nas termas do Hotel Gellért, em Budapeste.

Tags: Crônicadespertarmanhãmarnadar pela manhãpiscina

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