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Home Crônicas Yuri Al'Hanati

Viagem à roda do meu quarto

porYuri Al'Hanati
23 de março de 2020
em Yuri Al'Hanati
A A
Imagem: Divulgação.

Imagem: Divulgação.

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Eu relutei muito em fazer uma crônica da quarentena essa semana. Mal começou e já há uma saturação do tema. Mas, pensando melhor, achei por bem não contornar o incontornável e já tirar o tema do caminho. Quanto antes poderemos voltar às temáticas menos óbvias.

Entretanto, o que há para se escrever, em matéria de crônica, durante a quarentena? Para além das mortes e do dano psíquico causado pela reiteração do assunto no noticiário cotidiano, a crônica é o principal dano colateral do coronavírus. De onde vem a matéria prima do cronista em tempos de quarentena? Da janela? O que acontece lá fora é por demais panorâmico, por demais tedioso, para qualquer composição. Há um ônibus da polícia civil que passa pedindo para que os cidadãos permaneçam em casa, e é tudo. Não se ouve o barulho das motos e dos carros, mas o trem ainda passa. As crianças já não jogam bola na quadra do condomínio, e mesmo a revoada dos pássaros das cinco e meia parece mais silenciosa. Vizinhos sem intimidade não veem necessidade de comentar sobre o clima no elevador, e a paranoia impera em encontros como esse.

Entretanto, o que há para se escrever, em matéria de crônica, durante a quarentena? Para além das mortes e do dano psíquico causado pela reiteração do assunto no noticiário cotidiano, a crônica é o principal dano colateral do coronavírus. De onde vem a matéria prima do cronista em tempos de quarentena? Da janela?

Do lado de dentro, também nada. A casa junta poeira e logo é limpa. As roupas e a louça são lavadas sem pressa, e o consumo de arte escapista cresce. Quanto mais distante da realidade, melhor. Alguns governos já pedem que a Netflix pare de fazer exibições em HD, temendo também um colapso da banda larga. Sem trabalho e sem diversão fazem de Jack um bobão, pensaram os governantes. Acabará a banda larga. No hay banda, pensarão os cidadãos. Resta o álcool, o sexo, a leitura, a música, todos passatempos demasiados ativos, sem a passividade a que todos estão acostumados. Como se anestesiar por completo, sem que a febre da cabana se antecipe à febre do vírus? Há quem se mortifique apenas em cogitar quedar-se sozinho com os próprios devaneios. E aqui não estamos nem entrando na seara capitalista do dinheiro que não se ganha trancafiado.

Algum ideograma chinês já deve ter aproximado crise e criatividade. Novas formas de organização social, manutenção do corpo e da mente, convivência à distância, revalorização do espaço interno. Novas formas de escrever crônica, pois. O pioneirismo abre a faca a forma em detrimento da qualidade. Assim espero. Assim, espero.

Tags: coronavirusCrônicanova ordemquarentenaxavier de maistre

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