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O Gueto se levanta: resistência e registro histórico pela literatura

A Páscoa também pode ser interpretada como um símbolo de resistência ao nazismo, e a literatura serviu como um registro histórico do feito.

porLuiz Henrique Budant
22 de abril de 2019
em Literatura
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O Gueto se levanta: resistência e registro histórico pela literatura

Imagem: Reprodução.

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Domingo comemoramos a Páscoa – feriado judaico relido pelo cristianismo. No nada distante 1943, a Páscoa foi comemorada no dia 25 de abril. Para os judeus, dia 19 era o primeiro dia das celebrações.

Em  19 de abril, se inicia o último movimento de resistência no Gueto de Varsóvia. A data, conta-nos Marek Edelman, um dos líderes do movimento, não foi escolhida pelos judeus, mas pelos nazistas, que decidiram iniciar, naquele dia, a liquidação total do Gueto.

Sigamos com doses controladas de história. Desde 1942, estava nos planos dos nazistas a liquidação do Gueto. 19 de abril seria o início da ação final. Mas houve resistência. Edelman dirá, em entrevista dada à jornalista polonesa Hanna Krall anos depois: “Depois, encontrei a cena nos relatórios de Stroop: eles, negociadores, com bandeira branca, e nós, os bandidos, abrindo fogo”.

Talvez o livro onde lemos esta afirmação seja o mais famoso da profícua carreira de Krall, também ela sobrevivente do terror nazista. Zdąrzyć przed Panem Bogiem (1977) não tem tradução para português (em inglês, o título escolhido foi Shielding the Flame; em francês, mais próximo do original: Prendre le bon Dieu de vitesse. Eu prefiro não me meter na encrenca de traduzir este título…).

E como era a vida no Gueto? Não era boa. Estão aí os poemas de Władysław Szlengel para mostrá-lo, está aí vastíssima produção de historiadores para mostrá-lo. Mas havia resistência.

Digressões tradutórias à parte (ainda que sempre possam ser interessantes…), a fala de Edelman revela a importância da história, de escrever a história. Também isto, contra todas as possibilidades, foi feito no Gueto de Varsóvia: os moradores – e não apenas os sobreviventes – narraram suas histórias.

A pessoa responsável por coletar e guardar estas histórias foi Emanuel Ringelblum. Nos seus arquivos (uma palavra impressionante e burocrática, mas eram caixas de manteiga e latas de leite enterradas), havia trechos de jornais, poemas, relatos – majoritariamente escritos em iídiche.

Ringelblum deu oportunidade aos espancados, famintos e humilhados de terem suas vozes ouvidas. Não sobreviveram, mas sua voz humana se fez ouvir. Recentemente, foi lançado um filme-documentário em sua homenagem, chamado Who will write our history (2019).

A história é sempre humana, “a ciência dos homens no tempo”, Marc Bloch dixit. Haver, portanto, as narrativas das vítimas mostra que os horrores nazistas falharam miseravelmente em seu intento final: não desumanizaram as vítimas. Aliás, podemos dizer que desumanizaram a si mesmos.

E como era a vida no Gueto? Não era boa. Estão aí os poemas de Władysław Szlengel para mostrá-lo, está aí vastíssima produção de historiadores para mostrá-lo. Mas havia resistência: manter-se humano. Para encerrar, um poema encontrado no Arquivo Ringelblum (não sei iídiche, traduzi alguns trechinhos do inglês):

“Os pensamentos são livres

Meus pensamentos são livres
eles não podem ser capturados!
[…]
Eu penso o que gosto
O que me dá prazer
Meus pensamentos vêm e vão
São meu tesouro silencioso.
E ninguém pode sabê-los
Prendê-los ou aprisioná-los
Ninguém pode negar
Di gedanken zint fray”

Não sei o nome do autor, não sei a língua do autor. Mas suas palavras resistiram ao nazismo e ao tempo.

E agora passamos a entender o significado de resistência.

Tags: Emanuel RingelblumGueto de VarsóviaHanna KrallLiteraturaMarc BlochMarek EdelmannazismoPáscoaregistro históricoresistênciaWladyslaw Szlengel

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