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Home Literatura

‘A Armadilha’: a crônica de uma morte anunciada

Um dos últimos romances escritos por Emmanuel Bove, 'A Armadilha' é uma obra visceral e, terrivelmente, atual.

porJonatan Silva
24 de setembro de 2021
em Literatura
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A Armadilha, de Emmanuel Bove

Hitler durante visita a Paris em junho de 1940. Imagem: Henrich Hoffmann/Reprodução.

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A ocupação nazista da França, durante a Segunda Guerra, nunca foi um assunto bem resolvido para o povo francês e ainda perdura como uma chaga para os cidadãos alemães. O Nobel Patrick Modiano foi um dos autores francófonos que melhor conseguiu explorar esse tema tão delicado e boa parte da sua obra se dedica a investigar os anos em que Hitler governou à distância o país vizinho.

De alguma maneira, a literatura de Modiano é devedora de Emmanuel Bove, conterrâneo que conseguiu resumir o sentimento de fracasso e revolta dos franceses em A Armadilha, um romance-denúncia do colaboracionismo e da inércia. O livro é o retrato da atmosfera sombria e opressora, do medo constante e da impossibilidade de diálogo diante do abismo do silêncio imposto à força pelo conflito. Tentando escapar desse ambiente de estranheza e solidão, o jornalista Joseph Bridet se prepara para fugir do país. Em vez de buscar opções escusas, Bove enreda seu personagem em uma teia de idealismo e confusão ao recorrer a amigos influentes e à farda da sua profissão.

A Armadilha é uma história brilhante, porém, assustadora. Bridet é um homem andando no vazio, caminhando sob a corda bamba e enganado por todos ao seu redor. Em um lance de dados do destino, se vê como um sujeito kafkiano, acossado e impedido de entrar nos castelos. Diante da lei, está nu como um indigente à mercê das vontades e desejos dos apoiadores do regime nazista. Quando revida os soldados colaboracionistas atávicos, é açoitado pelo poder esmagador da suástica.

Em A Armadilha, Bove consegue construir um tom labiríntico e sufocante, uma síntese do espírito de uma época que parece se repetir como uma matriosca histórica terrível.

Bove cria Bridet à sua própria imagem e semelhança. Como o jornalista, o escritor se mudou em 1940 para Londres e, dois anos mais tarde, foge para a Argélia, onde escreve A Armadilha, seu último trabalho. Após a libertação da França, Bove retorna a Paris e, com a saúde bastante debilitada, morre em julho de 1945.

Esses atravessamentos entre realidade e ficção transformam o romance em uma obra visceral e, terrivelmente, atual – ainda que talvez seja um vício tentar enxergar no passado o nosso presente tão desesperançoso. Bridet é como Marsault – a inerte, niilista e, ao mesmo tempo fascinante criatura de Camus –, um homem perdido em seu tempo. Se o protagonista d’O Estrangeiro é indiferente à vida – a sua e a dos outros –, Bridet só quer salvar a própria pele e não pensa duas vezes em deixar sua mulher, Yolande, para trás.

Colocado face a face ao enigma mais primário, o da sobrevivência, Joseph Bridet revela também seus tons mais animalescos. Enjaulado na falsa liberdade do seu país, não vê outra saída a não ser deixá-lo. E com isso abandonar tudo e todos. Em A Armadilha, Bove consegue construir um tom labiríntico e sufocante, uma síntese do espírito de uma época que parece se repetir como uma matrioska histórica terrível.

A ARMADILHA | Emmanuel Bove

Editora: Mundaréu;
Tradução: Paulo Serber F. de Mello;
Tamanho: 208 págs.;
Lançamento: Maio, 2019.

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Tags: A ArmadilhaBook ReviewCrítica LiteráriaEditora MundaréuEmmanuel BoveLiteraturapatrick modianoResenha

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