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‘A vida em análise’: a narrativa no divã

Em 'A vida em análise', o psicanalista Stephen Grosz faz de sua experiência com os mais variados pacientes uma lição de sanidade e temperança.

porJonatan Silva
29 de setembro de 2017
em Literatura
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‘A vida em análise’: a narrativa no divã

Imagem: Reprodução.

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“Toda separação é um elo”, afirma o psicanalista Stephen Grosz citando a filósofa Simone Weil no prefácio de A vida em análise, coleção de relatos vivenciado pelo autor em mais de um quarto de século de consultório. Divido em quatro partes – Começos, Mentir, Amar e Mudar –, o livro não se propõe a fazer diagnósticos definitivos dos casos que conta e nem se prende à linguagem comum da área, criando, assim, laços com o leitor – capaz de se identificar com um ou mais pacientes.

Por sinal, é impossível que o leitor não faça pontes entre o que Grosz narra e a sua própria vida. São 32 experiências que vão de questões envolvendo desde relacionamentos à dificuldade de lidar com o luto. Entre os relatos mais interessantes estão o de Michael D., um homem que desistiu do casamento, após muitos anos de namoro, por imaginar que poderia se descobrir homossexual; o de Amira, que não suportava o fato de sua mãe atribuir tudo a Deus: “a minha felicidade não é apenas a vontade de Deus”, afirma a paciente a certa altura; ou o de Graham que, para não sofrer, preferia afastar as pessoas ao seu redor com um modo muito peculiar: sendo chato e tedioso.

São 32 experiências que vão de questões envolvendo desde relacionamentos à dificuldade de lidar com o luto.

Nessa pequena amostra dá para perceber que A vida em análise é uma obra humana e tocante, interessada em colocar as grandes complexidades da vida em evidência. Até mesmo Kafka merece um comentário de Grosz, que acredita que o autor checo poderia ser um caso leve de Síndrome de Asperger – condição neurológica relacionada ao autismo e que se caracteriza pela dificuldade de estabelecer relações sociais e comunicação não-verbal. O ponto-chave desse diagnóstico seria o noivado do autor de A Metamorfose com Felice Bauer. Bartleby, célebre personagem letárgico de Herman Melville, também merece a atenção do psicanalista.

Esperando Godot

Diferentemente do que se possa imaginar, o livro é polifônico, não no sentido do narrador, mas pelas vivências que entremeiam suas páginas. “O que temos aqui são histórias retiradas da prática diária”, comenta Grosz e completa: “elas são reais”. A declaração dá o tom impactante que percorre cada texto, explorando-os com um pouco de reflexão, porém deixando a conclusão, à guisa de lição, a cargo de quem lê.

De uma forma ou de outra, cada paciente está esperando Godot. Ninguém sabe exatamente quem é ou o que exatamente ele significa, mas sabe que é nele que está a salvação e a redenção. O brilhantismo de Grosz está justamente ao buscar a essência de cada ser humano, não em uma alegoria da mais pífia autoajuda e sim em um processo de autoconhecimento e descoberta. Para ler A vida em análise é preciso estar de peito aberto.

A VIDA EM ANÁLISE | Stephen Grosz

Editora: Zahar;
Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges;
Tamanho: 208 págs.;
Lançamento: Setembro, 2013.

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Tags: A vida em análiseAnáliseCríticaCrítica LiteráriaFranz KafkaHerman MelvilleLiteraturaLiteratura InglesapsicanáliseResenhaSamuel BeckettStephen GroszZahar

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