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Confissão às avessas do ‘Doutor Glas’

Narrador em primeira pessoa é um desgraçado em primeira pessoa, e 'Doutor Glas, de Hjalmar Söderberg, demonstra bem o porquê.

porWalter Bach
29 de setembro de 2016
em Literatura
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Confissão às avessas do 'Doutor Glas'

O autor Hjalmar Söderberg, publicado pela Arte & Letra. Imagem: Reprodução.

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O narrador em primeira pessoa às vezes é um desgraçado em primeira pessoa. Pode ser só um cara parcial ao extremo fazendo drama, igual o ilustre Dom Casmurro; alguém disposto a botar fogo no mundo, como o narrador do Cemitério de Praga, de Umberto Eco; e até um cara com veneno em vez de sangue nas veias, feito o narrador d’O Estrangeiro, do Albert Camus. O caso do Doutor Glas, que dá nome ao livro de Hjalmar Söderberg escrito em 1905 (Arte e Letra, 2014), é um pouco desses três.

A princípio, parece que a vida dele nada teve de preocupante ou extraordinário, pelo contrário, parece até a história de um estudante bem-sucedido que se achou muito cedo em termos profissionais e financeiros. O médico doutor Tyko Gabriel Glas teve e tem o que muitos gostariam, exceto o que muitos de seus pares têm: companhia. A narração meio desconexa dele é dele, parece não existir espaço para mais ninguém, embora o médico não aparente ser egocêntrico ou demonstre ser tão desgraçado a ponto de afastar qualquer pessoa de si. Mas com certeza seu jeito um pouco taciturno marca, tanto que há quem enxergue no Doutor Glas um cofre para segredos.

Talvez pela importância das palavras a si confiadas como jóias, o Doutor Glas tenha resolvido escrever essas linhas frágeis, mesmo sendo um pouco orgulhoso para não admitir precisar disso. Sua linha pensamento parece descartar as pessoas e seus sentimentos, sem qualquer demonstração especial de cuidado ainda que não os maltrate. Nunca se aproximou de uma mulher, pois não caberia uma em sua vida; mas pela narrativa parece não caber muitas emoções mesmo.

O que chacoalha esse monastério interior é um paciente muito específico, o pastor Gregorius, e sua esposa. As conversas com o pastor soam brandas, quase protocolares por mera necessidade de o paciente falar, mas quando o Doutor Glas fala com a esposa desse, longe do marido, o diálogo ganha um pouco de emoção.

A princípio, o nosso narrador parece querer se espantar com o que ouve dela, e falta muito pouco para condená-la, mas depois considera tudo que ouviu e se vê em dúvida. Ele decide interferir à própria maneira, e aí complica. Em parte pela frieza com que o nobre Doutor Glas analisa tudo, outra porque os segredos deixam claro que não há inocente algum no consultório de relações tão polidas do doutor, e todos podem esconder um sintoma letal dentro de si, e qualquer tratamento tem efeitos colaterais a médio-longo prazo, de leves desconfortos a profundos questionamentos morais. Mas ninguém vai saber disso, afinal, essas confissões do Doutor Glas não cabem em lugar nenhum fora da cabeça e das folhas dele, ninguém vai desconfiar do diagnóstico que ele fez ou da veracidade de suas ações. Talvez ninguém realmente se lembre dele em si.

DOUTOR GLAS | Hjalmar Söderberg

Editora: Arte & Letra;
Tradução: Guilherme da Silva Braga;
Tamanho: 176 págs.;
Lançamento: Janeiro, 2014.

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Tags: Arte e LetraBook ReviewCrítica LiteráriaDoutor GlasDr. GlasHjalmar SöderbergLiteraturaResenha

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