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‘Três mulheres’ aborda a natureza do desejo feminino

Livro 'Três mulheres', de Lisa Taddeo, conta a história de três mulheres que partem por jornadas particulares em busca de saciar os seus desejos sexuais.

porMaura Martins
30 de abril de 2021
em Literatura
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A jornalista Lisa Taddeo

A jornalista Lisa Taddeo, autora de 'Três mulheres'. Imagem: Divulgação.

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É possível começar esta resenha dizendo que Três mulheres, de Lisa Taddeo, é um livro que não fala de nada importante. Explicando melhor: ele aborda, a partir da história de três entrevistadas, o desejo feminino, assunto tão negligenciado, tanto na vida quanto na literatura. A autora, que é jornalista, passou cerca de 8 anos mergulhada nas histórias de Lina, Sloane e Maggie para por fim nos entregar uma obra densa, mas deliciosa. Dividida em narrativas intercaladas, Três mulheres tenta responder, sempre de forma algo falha: o que desperta o desejo nas mulheres?

A pergunta, conforme esclarecido no prólogo, parte da própria vivência de Lisa Taddeo, ao relembrar o passado de sua mãe na Itália, que ignorava quando um homem, ao vê-la passar, se masturbava. Por que ela parecia não se importar, pelo menos não a ponto de fazer alguma coisa? Taddeo escreve, com seu rico estilo, repleto de metáforas: “Minha mãe nunca falava sobre seu desejo. Sobre o que a excitava ou que lhe causava repugnância. Às vezes parecia que ela não tinha nenhum desejo próprio. Que sua sexualidade era apenas uma trilha no meio da floresta, do tipo sem sinalização, que é aberta por botas pisoteando a vegetação alta. E as botas pertenciam ao meu pai”.

Lisa parte então para um trabalho jornalístico, utilizando como método basicamente a escuta. Conta aqui a história de três protagonistas, que nunca se cruzam. Lina é uma mulher casada, com trinta e poucos anos, mas que não recebe qualquer demonstração de afeto do marido. Quando um ex-namorado da adolescência faz contato via Facebook, ela resolve começar um caso extraconjugal, que possibilitará que termine o casamento – muito embora saiba, na alma, que não há qualquer futuro possível com o amante. Sloane também é casada, mas seu relacionamento tem arranjos inusitados: ela faz sexo com outros homens e mulheres para agradar o marido. Já Maggie é uma estudante esquisita que começa a ter um romance com um de seus professores, um homem bonitão e casado – e ambos pagarão caro pelo caso.

Dividida em narrativas intercaladas, Três mulheres tenta responder, sempre de forma algo falha: o que desperta o desejo nas mulheres?

Aliás, todas as mulheres do livro pagam certos preços para poderem seguir o curso de seus desejos. Sloane verá um mundo perfeito do relacionamento aberto desmoronar quando menos se espera. Lina precisará abrir mão do conforto de uma vida familiar para buscar algo que não pode ter em casa. Já Maggie, na história mais dramática (e a única em que os nomes reais das fontes são preservados, uma vez que o caso envolve um processo judicial público), terá sua família destruída e sua intimidade devastada quando resolve, com o estímulo da mãe, levar o ex-professor à justiça em busca de alguma possibilidade de continuar vivendo. Ela será trucidada por um júri no qual as cartas já estão dadas mesmo antes que o julgamento comece: como é possível acreditar que um professor bem-casado daria alguma atenção e teria desejo por uma menina acima do peso e deprimida?

A única ressalva que talvez possa ser feita em relação à obra está no fato de ela ser categorizada como obra jornalística. Ainda que parta de histórias reais, há, creio, uma questão problemática relativa à apuração: o fato de que ele se baseia apenas na escuta das mulheres, que, por razões óbvias, carregam visões parciais do que as acometeu. O marido frio de Lina, por exemplo, nunca chega a ser escutado – o que provavelmente significa que ele foi reduzido a um personagem plano, sem voz. Como princípio, este é o tipo de prática (de ouvir apenas um lado de uma história) que o jornalismo sempre deve evitar.

Best-seller publicado em vários países, Três mulheres tem como grande qualidade as pitadas de reflexão sobre o feminino que Lisa Taddeo encontra e compartilha durante a sua busca. Em certo momento, ela escreve: “as mulheres, em muitas das histórias que ouvi, têm um domínio maior sobre outras mulheres do que os homens. Somos capazes de fazer outras mulheres se sentirem desleixadas, vulgares, sujas, desprezadas, feias. No fim, tudo se resume ao medo”. No que tange à natureza do tal desejo, nada aqui é muito claro para quem procura respostas replicáveis – até porque respostas claras sobre o desejo não existem, diga-se de passagem. Por isso mesmo, Três mulheres é um livro impactante que merece uma leitura atenta, seja ela feita por homens ou por mulheres.

TRÊS MULHERES | Lisa Taddeo

Editora: Harper Collins;
Tradução: Marina Vargas;
Tamanho: 320 págs.;
Lançamento: Outubro, 2019.

Tags: #metooBook ReviewCrítica LiteráriaHarper CollinsJornalismolisa taddeoLiteraturalivro-reportagemResenhaRomanceTrês Mulheres

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