Em meio à crise econômica, o mercado editorial é um dos que mais têm sofrido reveses. Depois do anúncio de fechamento de 20 lojas pela Saraiva, o pedido de recuperação judicial da Livraria Cultura e o encerramento das operações da Fnac, a Companhia das Letras divulga que a família Schwarcz não é mais proprietária da casa. A Penguin Random House possui agora 70% da editora, fundada em 1986 por Luiz Schwarcz, após deixar a Brasiliense, e pela historiadora Lilia Moritz Schwarcz. Com a nova dinâmica, a família Moreira Sales deixa a sociedade.
Em 2012, quando a multinacional formou parceria com a Companhia das Letras, passando a ter 45% da empresa, havia um acordo que previa o direito de assumir o controle majoritário da casa. A previsão era que isso fosse acontecer em 2013, porém, as partes adiaram para este ano. Atualmente, a Companhia detém a maior fatia de mercado no Brasil, com 45% dividido entre os seus 16 selos, incluindo aqueles adquiridos em 2015 com a compra da Objetivo, e um catálogo com mais de 4,5 mil livros novos.
“A vida na Companhia das Letras não muda, como não mudou nos últimos seis anos. Os princípios éticos e editoriais das duas editoras são os mesmos, temos visões de longo prazo em relação ao mercado livreiro. Ganharemos mais apoio para iniciativas importantes, como o acompanhamento em novas formas de distribuição do conteúdo literário, e para conhecermos mais os leitores, além da presença mais próxima do Markus Dohle, que conhece como ninguém o mercado internacional livreiro e tem uma visão positiva sobre o futuro do livro”, disse Schwarcz em nota.
A Companhia das Letras, assim como as demais editoras brasileiras, tem enfrentado para receber os pagamentos das grandes redes de livrarias.
Cenário
A especulação de uma possível venda da Companhia já circulava desde 2014, quando o Publishnews, site especializado em mercado editorial, divulgou a notícia de que o grupo norte-americano pretendia, em breve, ter o controle da editora brasileira. Na época, a informação foi negada. Quatro anos mais tarde, o jogo virou.
Markus Dohle, o CEO da Penguin Random House, disse – na mesma nota – que acredita em uma ressignificação do cenário econômico a médio prazo e reiterou a permanência do fundador à frente da editora. “Agora, juntos, continuaremos a expandir ainda mais a Companhia, celebrando a força de nossos times locais e certificando a conciliação das dinâmicas do mercado local com o objetivo compartilhado de conectar nossos autores com a mais rica rede de leitores brasileiros e além”.
A Companhia das Letras, assim como as demais editoras brasileiras, tem enfrentado dificuldades para receber os pagamentos das grandes redes de livrarias. No caso da Saraiva, a dívida já chega a 100 milhões de reais e passa por uma nova rodada de negociações. Resta saber quais são as consequências dessa agonia.