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Home Literatura

A brutalidade narrativa de Philip Roth em ‘Patrimônio’

Em 'Patrimônio', Philip Roth relata os últimos anos de vida de seu pai que, aos 86 anos, descobriu um tumor cerebral.

porEder Alex
4 de setembro de 2015
em Literatura
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Philip Roth Resenha Patrimônio Companhia das Letras

Imagem: Divulgação.

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Mesmo que a ficção às vezes se esforce para parecer cruel, dificilmente ela consegue superar a mão pesada da realidade quando o assunto é sofrimento. Philip Roth, um dos maiores nomes da literatura mundial, relata em Patrimônio os últimos anos de vida de seu pai, que aos 86 anos descobriu um tumor cerebral. O livro é uma paulada.

Como dá para imaginar, tendo em vista o tema, a narrativa é brutal. Leitura não muito recomendada em tempos de instabilidade emocional. Pois o que Roth faz (assim como aprendeu com o pai) é dizer tudo aquilo que as pessoas talvez não estejam muito preparadas para encarar, traduzindo em palavras uma dor que para muitos é impossível de definir por meio da linguagem. Ele não poupa a si mesmo e muito menos ao pai, que parece se desfazer lentamente a cada página.

Uma das coisas mais angustiantes é o fato de que em diversos momentos o autor busca significados profundos na convalescência do pai e acaba se deparando com algo desconcertante: algumas coisas simplesmente não possuem significado algum, às vezes a vida é o que é naquele momento: nada. Descobrir qual é o tal “patrimônio” do título é tão dolorido quanto desesperador e ali o livro ganha o peso do mundo.

O autor demonstra um amor enorme pelo pai, conta toda sua história de luta como imigrante judeu fazendo a vida na América e também não se furta de detalhar seus inúmeros defeitos, suas rabugices e nem a sua humilhante degradação. Mas ao contar tantos causos e memórias, Roth lança um olhar de carinho e respeito à figura paterna. Aquilo que ele dizia à mesa do jantar e talvez nem todos tivessem paciência para ouvir agora está num livro, para todo mundo ver.

Descobrir qual é o tal ‘patrimônio’ do título é tão dolorido quanto desesperador e ali o livro ganha o peso do mundo.

Quando Roth pai e Roth filho conversam ao telefone a respeito de uma partida de beisebol (citando regras que entendo tanto quanto de funcionamento de turbina de avião) é absurdamente comovente já que vemos a maestria do grande escritor, pois aquilo que está sendo narrado em duas ou três páginas pouco importa, o que interessa é que aquelas duas figuras humanas estão se agarrando ao último fiapo de vida normal que os une e, pelo menos por alguns minutos, não estão pensando no maldito tumor devastando o cérebro. É como se não houvesse apenas escuridão.

Mas cabe dizer que grandes lições não serão aprendidas, velhos pecados não serão perdoados e ao terminar de ler Patrimônio você não se sentirá melhor, pois Philip Roth é muito bom escritor para cair nesse tipo de fórmula.

Patrimônio não é uma história de superação, é uma história sobre desabamentos físicos e psicológicos e sobre as vítimas soterradas nos escombros do tempo. O detalhe é que essas pessoas já não gritam mais por socorro.

PATRIMÔNIO | Philip Roth

Editora: Companhia das Letras;
Tradução: Jorio Dauster;
Tamanho: 176 págs.;
Lançamento: Março, 2012.

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Tags: Companhia das LetrasCrítica LiteráriaLiteraturaPatrimônioPhilip Roth

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