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Home Literatura Ponto e Vírgula

Em ‘A Casa’, Chico Felitti relata a ascensão e queda de Abadiânia

Livro reportagem 'A Casa' revela como o médium João de Deus construiu um "império espiritual" e manteve sob silêncio décadas de abusos contra mulheres.

Maura Martins por Maura Martins
9 de junho de 2020
em Ponto e Vírgula
A A
Capa de A Casa, de Chico Felitti

'A Casa' é um incômodo mergulho na construção do império espírita de João de Deus. Imagem: Divulgação.

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Aparentemente, todo brasileiro tem alguma história para contar sobre como conheceu os “milagres” de João de Deus, o curador de Abadiânia que comandou uma casa espírita por quarenta anos – até ser denunciado por centenas de mulheres de abuso sexual, em 2018. A minha história talvez seja atípica: conheci o império de João de Deus ao vê-lo no documentário Espaço Além, de 2016, que mostra a saga da artista Marina Abramovic no Brasil em busca do desenvolvimento de sua espiritualidade.

Menciono isto porque a curiosidade me fez rever recentemente esse filme. Já nas primeiras cenas, Marina está no centro Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. Há muitas pessoas no local, todas vestidas de branco. A artista é apresentada para João de Deus, que requisita que ela fique mais dias na casa, participando da corrente. “Fica como médium”, ele diz, e a faz sentar em um lugar de destaque no salão.

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

O principal trunfo da obra é o de averiguar e documentar a ascensão e queda de uma cidade, a pequena Abadiânia, município do interior de Goiás que inflou após a constituição do “reino” de João de Deus.

Esta cena é bastante simbólica, ao que me parece, pois descreve bem um modus operandi típico de lugares de espiritualidade como esse, que cativa os incautos quando são reconhecidos como especiais, “mediúnicas”, que têm um poder que precisa ser desenvolvido.

Mais do que isso: este método é apontado como recorrente no livro A Casa – A história da seita de João de Deus, do jornalista Chico Felitti, e se repete várias vezes no relato das vítimas do líder religioso João de Deus.

São mulheres que vieram à casa espírita em busca de algo (para si ou para familiares) e acabaram engajadas em abusos sexuais. A obra é repleta de cenas fortes, que descrevem estupros, violações e vários tipos de silêncio por parte das pessoas em torno do curador.

Por mais chocantes que sejam esses relatos, penso que o principal trunfo da obra do jornalista (que se tornou muito conhecido pelo livro-reportagem Ricardo e Vânia, gerado após a grande repercussão de sua reportagem “Fofão da Augusta? Quem me chama assim não conhece”) seja o de averiguar e documentar a ascensão e queda de uma cidade, a pequena Abadiânia, município do interior de Goiás que inflou após a constituição do “reino” de João de Deus.

Por isso mesmo, a cidade entrou em franca decadência após a prisão do seu líder, em dezembro de 2018, e desde então só encolheu. As relações econômicas (baseadas, em boa parte, por meio de relações pouco lícitas entre João e os políticos locais) da cidade, inclusive, ajudam a explicar porque levou 40 anos até que estas denúncias viessem à tona – uma vez que os abusos descritos no livro datam pelo menos desde os anos 80.

Enquanto livro reportagem, é possível dizer que a obra traz uma estrutura algo inovadora, uma vez que não conta apenas a história relatada pelos entrevistados. Chico Felitti faz um longo processo de pesquisa e análise sobre como o mito de João de Deus foi construído pela mídia e legitimado por celebridades (atraindo famosos que vão de Xuxa a Oprah Winfrey).

Sua fama foi levantada de forma bastante calculada, pela mão firme do próprio João, que controlava as formas desde a forma que apareceria na televisão até os produtos que seriam comercializados. Garrafas de “água fluidificada” eram envasadas e embaladas tendo como adorno a foto do médium, com seus olhos azuis bem destacados. Felitti conta, por exemplo, que mesmo sendo semialfabetizado, João de Deus queria construir um legado por meio de livros espíritas, tal como fez Chico Xavier.

Em A Casa, aliás, Abadiânia é personagem, o que justifica o título da obra. Lendo o livro, temos a clara noção de como a cidade se tornou uma espécie de cúmplice de tudo que ocorria lá, pois o curador trouxe uma promessa de futuro possível ao que era terra arrasada. Aqui, o trabalho de Chico Felitti aqui segue um pouco a mesma linha seguida em Ricardo e Vânia: ele é um jornalista que expõe o seu processo de produção, e por isso mesmo, consegue gerar engajamento com o leitor, que participa da investigação e sente na pele as suas dificuldades.

Lendo o livro, sabemos sobre como Felitti foi xingado e ameaçado pelos locais ao começar a apuração, e como o “universo” passou a dar sinais (uma série de urucubacas e problemas de saúde acometeram a ele e seus familiares) de que João de Deus deveria ser deixado de lado.

Felizmente, Chico Felitti seguiu adiante e nos entregou uma obra provocativa, que fala não apenas de João de Deus e seu império, mas explica os mecanismos sedutores do discurso religioso, especialmente entre povos carentes como o brasileiro (preste atenção no espirituoso final da obra e no comentário que faz sobre isso). Com uma narrativa envolvente, que prende o leitor até o fim da obra, A Casa é uma obra fundamental para se entender um Brasil tomado pela necessidade de salvação.

A CASA: A HISTÓRIA DA SEITA DE JOÃO DE DEUS | Chico Felitti

Editora: Todavia;
Tamanho: 264 págs.;
Lançamento: Abril, 2020.

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