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‘Enclausurado’: a literatura in utero

Ian McEwan cria livro intenso e insinuante em 'Enclausurado', protagonizado por um feto. Obra foi publicada pela Companhia das Letras.

porJonatan Silva
21 de outubro de 2016
em Literatura
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'Enclausurado': a literatura in utero

O autor Ian McEwan. Imagem: Reprodução.

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Não é de hoje que Ian McEwan é um às na manipulação do leitor. Desde a novela Jardim de Cimento, de 1978, o escritor inglês carrega a pecha de McAbro. E não é para menos. Entre os corpos dilacerados, mentiras que arruínam famílias, colecionadores de pênis, o autor tem arrebanhando uma legião de leitores fiéis, capaz defendê-lo a todo custo. Enclausurado (Companhia das Letras, 200 páginas), seu livro mais recente, faz jus à fama. Ao contrário do amorfo A Balada de Adam Henry, o romance é uma trama intrincada contada por um feto.

Antes de iniciar o livro é preciso fazer um pacto com o narrador, aceitar que, apesar de nem ter nascido, ele provavelmente sabe mais – sobre muita coisa – do que muito doutor por aí. Contrato assinado, o Enclausurado se torna, de longe, uma das obras mais prazerosas de McEwan em anos. O feto, que não recebe nome, é testemunha dos planos de sua mãe, Trudy, e de seu tio, Claude, para assassinar seu pai, o poeta e editor John – um homem à beira da bancarrota financeira e emocional. O complô é criado para que o casal de amantes fique com uma propriedade herdada pelo poeta e que, mesmo caindo aos pedaços, vale uma cifra milionária.

Com em sua obra-prima, Reparação, o britânico leva o leitor pela mão pelo caminho que bem lhe entende. Ainda que não tenha o mesmo vigor, o romance é brilhante ao criar um Brás Cubas ao contrário, capaz de opinar sobre tudo com uma ironia que deixaria os personagens de Oscar Wilde envergonhados. É interessante perceber como o Trudy e Claude ignoram o bebê que está prestes a vir ao mundo, mas a criança, entretanto, sente a rejeição e várias vezes se vinga da mãe, atormentando-a com chutes e pulos. Tudo com uma arguta consciência – consciência, inclusive, de que não será tão sábio quando vier ao mundo.

McEwan é herdeiro da literatura clássica, em todas as suas formas, mas talvez nunca havia construído algo tão próximo ao seus heróis.

Obviamente, Enclausurado é um texto insólito, diferente de tudo o que o autor de O Inocente já fez. E, justamente por isso, é tão fácil gostar e seguir até o final. Não é preciso pensar em verossimilhança, desde o início se sabe que ela passa ao largo e, no fim das contas, não faz a menor diferença, pois o nonsense é que dá o tom especial à narrativa.

Herança

É quase impossível não pensar em Hamlet, a dica, por sinal, está na epígrafe. Porém, toda a arquitetura do crime e seus desdobramentos parecem saídos de um episódio da tradicional Coronation Street – mesmo sendo difícil pensar em que como a história seria, ou poderia ser, adaptada para o cinema ou televisão. McEwan é herdeiro da literatura clássica, em todas as suas formas, mas talvez nunca havia construído algo tão próximo ao seus heróis.

Ao lado de Serena, Enclausurado faz a obra do escritor sobreviver à terrível década de 2010, que gerou o pífio Solar, e o confirma com um nome fundamental da literatura inglesa contemporânea. Talvez, depois de Shakespeare, seja McEwan o escritor britânico mais importante de todos os tempos. Talvez não passe de exagero.

ENCLAUSURADO | Ian McEwan

Editora: Companhia das Letras;
Tradução: Jorio Dauster;
Tamanho: 200 págs.;
Lançamento: Setembro, 2016.

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Tags: A Balada de Adam HenryCompanhia das LetrasCríticaCrítica LiteráriaEnclausuradoIan McEwanJardim de CimentoLiteraturaLiteratura ClássicaLiteratura InglesaNutshellReparaçãosextaSolarWilliam Shakespeare

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