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Home Literatura Ponto e Vírgula

O abismo sem fundo de ‘Black Hole’

'Black Hole', obra-prima de Charles Burns, explora a intensidade da juventude e é ainda mais aterrorizante em tempos de pandemia.

Luciano Simão por Luciano Simão
3 de maio de 2021
em Ponto e Vírgula
A A
Arte de 'Balck Hole', HQ de Charles Burns

Arte de 'Balck Hole', HQ de Charles Burns. Imagem: Reprodução.

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Não são poucas as obras de ficção que exploraram a ideia de epidemias imaginárias e suas terríveis consequências para a vida dos protagonistas e suas comunidades, mas é difícil encontrar narrativas mais aterrorizantes para os dias que vivemos hoje do que Black Hole.

A obra-prima do cartunista americano Charles Burns, publicada em volumes de 1995 a 2005, é uma jornada de exploração intensa do amor, da incerteza, do medo, do ódio e do desejo — em outras palavras, de todas as emoções explosivas da juventude.

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Desde a cena de abertura, Black Hole arrasta o leitor com a gravidade própria do buraco negro que dá título à obra. Somos apresentados a Keith, um dos dois protagonistas, aluno do ensino médio que se prepara para dissecar um sapo na aula de biologia. Enquanto as meninas reagem com repulsa, os garotos tentam impressioná-las com bravatas masculinas baratas; Keith, no entanto, enxerga na ferida horizontal da autópsia (sobreposta a imagens da genitália feminina) o abismo sem fundo da morte, e a contemplação desse vazio absoluto faz com que desmaie vergonhosamente diante de toda a classe.

Esse terror do vazio é um dos temas centrais que Burns irá explorar ao longo da narrativa. O clima de tensão constante é acentuado pela jornada da segunda protagonista, a bela e cobiçada Chris, que contrai uma terrível enfermidade após um encontro sexual casual.

No mundo de Black Hole, uma praga sexualmente transmissível parece afetar apenas os adolescentes, manifestando-se de forma distinta em cada um dos contaminados. Enquanto alguns se transformam em verdadeiras monstruosidades, outros ganham um rabo, um par de chifres ou uma pequena boca dentada no pescoço. Contudo, todos estão igualmente e irreversivelmente marcados pelo estigma da infecção; aqueles que são incapazes de esconder suas deformidades são afastados e forçados a viver às margens da sociedade.

Nesse cenário imensamente opressivo, os caminhos de Keith e Chris se cruzam e se distanciam sucessivamente ao longo da narrativa, e Burns conduz habilmente as duas histórias a desfechos bastante distintos, mas igualmente assombrosos.

'Black Hole' faz uso impecável de contrastes e sombras
‘Black Hole’ faz uso impecável de contrastes e sombras. Imagem: Reprodução.

Tabus em preto profundo

Burns conduz habilmente as duas histórias a desfechos bastante distintos, mas igualmente assombrosos.

Na superfície, o mundo preto e branco de Black Hole é profundamente ambientado na cultura americana da década de 1970, repleto de referências musicais e estéticas, permeado de drogas e da decadência dos anos que se sucederam à revolução hippie. Mas a narrativa que se apresenta poderia se passar em qualquer época, em qualquer lugar; seus temas são atemporais e universais.

A presença constante e escancarada da simbologia sexual, e do tema das relações sexuais em geral, contrasta com um dos temas principais da obra: os grandes tabus sociais em torno do sexo e das doenças sexualmente transmissíveis. Embora a DST fictícia criada por Burns possa ser comparada ao início da epidemia de HIV nos Estados Unidos (que gerou igual reação conservadora por parte da população americana), o autor vai muito além dessa analogia superficial.

É emblemático que a praga pareça afetar apenas os adolescentes, aqueles que ainda estão no início da fase de descoberta de seus corpos e suas sexualidades. Os infectados de Black Hole são os transgressores, os violadores da moral e da ordem, do puritanismo das gerações anteriores, e pagam o preço das mais ínfimas transgressões (como o encontro casual de Chris) com a ruína das próprias vidas. Impiedosamente, Burns escancara os tabus e a hipocrisia da sociedade — mesmo que seja à custa da sanidade de seus protagonistas.

É claro, tratando-se de histórias em quadrinhos, a componente gráfica não pode ser ignorada em qualquer discussão sobre a obra. Trata-se, afinal, de uma forma de arte que floresce quando texto e imagem se complementam simbioticamente e resultam em um todo maior do que a soma das partes. Neste quesito, Black Hole é uma obra-prima.

Os quadros de Burns são distribuídos com equilíbrio e maestria, fazendo uso de um preto intenso que domina as páginas e parece querer engolir o papel. Cada página de Black Hole é um pequeno buraco negro, capaz de prender a atenção e causar a mesma vertigem que Keith sente diante do sapo dissecado da introdução.

Em tempos de pandemia e isolamento, de contato social fragmentado e estigmatização dos doentes, Black Hole é uma leitura pesada e excessivamente real. Talvez seja justamente por isso que vale a pena ser lido hoje mais do que nunca.

BLACK HOLE | Charles Burns

Editora: Darkside;
Tradução: Daniel Pellizzari;
Tamanho: 385 págs.;
Lançamento: Outubro, 2017 (edição completa).

Tags: Black Holebook reviewCharles Burnscrítica literáriagraphic novelHistória em QuadrinhosHQliteraturaresenha
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