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‘Onde os velhos não têm vez’: Cormac McCarthy e a imensidão do vazio

Em 'Onde os Velhos Não Têm Vez', Cormac McCarthy traça um painel violento de um EUA repleto de desesperança.

porEder Alex
28 de junho de 2017
em Literatura
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‘Onde os velhos não têm vez’: Cormac McCarthy e a imensidão do vazio

Imagem: Reprodução.

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De certa forma, uma planície é uma porção de terra rodeada por muitos nadas por todos os lados. E é em meio a este vazio que Cormac McCarthy dá início a essa história que em sua superfície se assemelha a uma tradicional “caça ao rato”, mas que aos poucos se revela um elogio ao pessimismo.

Onde os Velhos Não Têm Vez saiu no Brasil pela Alfaguara no longínquo ano de 2006, com tradução da escritora Adriana Lisboa. Eis uma obra que anda merecendo uma reedição.

Vamos à história.

Llwelyn Moss é um veterano do Vietnã que por acaso, na região fronteiriça entre EUA e México, acaba se deparando com uma cena de crime e uma maleta cheia de dinheiro do narcotráfico. Aqueles dólares são a oportunidade de mudar a sua vida e a da sua namorada, mas são também uma maldição, afinal, ele sabe que ninguém seria maluco de abandonar uma fortuna dessas para trás.

Na outra ponta temos um sujeito que é praticamente a encarnação do mal: Anton Chigurh, uma espécie de caçador de recompensas ou, se você preferir, apenas o cara que cuida da “limpeza” deste meio profissional, que na brilhante adaptação cinematográfica (que se chamou Onde os Fracos Não Têm Vez) dos irmãos Coen foi vivido por Javier Bardem e seu cabelinho inesquecível. Vale dizer que no livro sua aparência física quase não é mencionada, os personagens falam apenas que ele parece um cara comum.

A prosa de McCarthy possui um apuro técnico, tanto em ritmo como em sonoridade, que é pouco visto na literatura contemporânea.

Temos também o xerife Bell, que investiga o caso e parece sempre estar um passo atrás do rastro de sangue deixado pela perseguição de Chigurh. Ele é o personagem fundamental para entendermos a dimensão da desesperança que Cormac McCarthy pretende discutir com sua linguagem seca e direta, uma vez que representa o olhar de uma América decadente que assiste a seus antigos valores e crenças se esfarelarem enquanto a violência vai preenchendo todos os espaços vazios deixados pra trás. E eles são tantos…

Bell percebe que sua geração já não cabe mais nesse mundo e que no fundo aquela terra é um espaço transitório que não pertence a mais ninguém (mesmo sentimento retratado em A Estrada, outro livro do autor, com a pequena diferença que ali os personagens estão num universo pós-apocalíptico). Não é por acaso que a história começa numa planície isolada em meio à imensidão de uma natureza rarefeita e depois se desenrola quase toda em pequenos quartos de hotéis, estes não-lugares em que tempo/espaço são tão efêmeros.

A prosa de McCarthy possui um apuro técnico, tanto em ritmo como em sonoridade, que é pouco visto na literatura contemporânea, pelo menos não num nível assim tão elevado. Creio que, ao lado de Philip Roth, Cormac seja o grande nome da literatura americana das últimas décadas.

Tal como a câmera de Sergio Leone que capta o minúsculo detalhe da mosca no rosto do caubói e depois abre o plano para mostrar o deserto enorme e o trem que se aproxima, em Era uma Vez no Oeste, Comarc McCarthy, em seu faroeste urbano, direciona o olhar para os detalhes de um país e de sua época, ao mesmo tempo em que tenta compreender a imensidão do silêncio que precede um disparo.

ONDE OS VELHOS NÃO TÊM VEZ | Cormac McCarthy

Editora: Alfaguara;
Tradução: Adriana Lisboa;
Tamanho: 252 págs.;
Lançamento: Setembro, 2006.

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Tags: AlfaguaraCormac MCCarthyCríticaCrítica LiteráriaEditora AlfaguaraLiteraturaLiteratura AmericanaOnde os Fracos Não têm vezOnde os velhos não tem vezResenhaReview

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