Aquele disco rendeu ao Alabama Shakes três indicações ao prêmio Grammy em 2013: revelação, melhor performance de rock (para o single “Hold On”) e melhor gravação. Apesar de não levarem nenhuma estatueta para casa, o grupo saiu fortalecido e projetado como um dos grandes futuros nomes do rock. Mesmo em tempos de dificuldade comercial para o gênero, isso não era pouca coisa.
Apostando novamente na simbiose entre o southern rock, blues e soul, Brittany e banda fazem de Sound & Color um excelente álbum, sendo inclusive melhor sonora e líricamente que o anterior.
É verdade que, de certa forma, o novo disco é menos impactante, posto que o Alabama Shakes opta por ficar na zona de conforto, experimentando menos do que poderia e, consequentemente, rompendo menos barreiras musicais. Entretanto, o disco nos oferece algumas novas camadas da banda, com uma construção musical dinâmica que bebe em referências como The Rolling Stones, MC5 e The Strokes.
Apostando novamente na simbiose entre o southern rock, blues e soul, Brittany e banda fazem de Sound & Color um excelente álbum.
O ponto mais considerável em Sound & Color é ver como Brittany conseguiu, no espaço que separa o debut da banda para o novo trabalho, aprimorar sua técnica vocal, mantendo seu timbre firme e sem apelar ao exagero que por vezes caracteriza os grupos que misturam blues, soul e rock.
Para compreender do que falo, uma simples busca no YouTube por artistas que se inspiram em B.B. King e Amy Winehouse, por exemplo, mostrará que a Alabama Shakes possui personalidade própria, tão fundamental (e escassa) na músical atualmente.
Alguns críticos musicais, como o jornalista Marcelo Costa do portal Scream & Yell, mostraram um certo desapontamento pelo que chamaram de “falta de ousadia”. Ainda para Costa, havia a esperança que a Alabama Shakes procurasse fazer o mesmo que o Radiohead fez em sua fase Kid A/Amnesiac e arriscasse mais, mudando tudo.
Como dito anteriormente, mesmo estando em sua zona de conforto, o grupo apresenta, até o momento, um dos melhores discos de rock de 2015. As 12 faixas do disco te farão dançar, balançar o corpo e querer mais Brittany Howard, que aos 26 anos já demonstra que ficará na história da música não apenas com sua potêncial vocal, mas também com sua garra lírica.
Meus destaques vão pra “Don’t Wanna Fight” (escolhida como primeiro single); “Future People” e o casamento perfeito entre a bateria de Steve Johnson, a guitarra de Heath Fogg e a voz delicadamente encaixada de Howard; e “Gimme All Your Love”, o melhor soul do grupo, mesmo que seja fruto de uma fusão deste com blues, rock e pop.
Fica a torcida para que a Alabama Shakes retorne ao Brasil (estiveram aqui em 2013 para uma série de três shows) e que tenhamos uma tour marcada por um maior número de shows. O Brasil merece, acreditem.
Ouça “Sound & Color”
Não conhece Alabama Shakes?
Ouça “Hold On”, faixa do primeiro disco (Boys & Girls) e entenda o que fez o grupo chamar a atenção do mundo.