Brandon Flowers. Talvez você já tenha ouvido falar desse nome por aí. Talvez porque ele seja o vocalista de uma banda bastante conhecida, o The Killers. Aliás, o Killers é uma banda muito bem sucedida no segmento, com quatro álbuns lançados, singles poderosos e headliner em diversos festivais mundo afora. O pioneirismo deles na cena indie é incontestável, criando uma sonoridade que une elementos contemporâneos a outros que refletem décadas passadas, como a de oitenta e noventa. Synthpop, Glam Rock, Indie Rock e Indie Pop são alguns estilos que o The Killers passeia para criar a sua própria identidade musical, e tem realizado com bastante propriedade, álbum após álbum.
Brandon Flowers é um artista irrequieto, insatisfeito. Músico por excelência, busca (sempre) novas referências para a sonoridade da banda que integra. Entretanto, ainda há nele uma vontade que extrapola os limites da banda, uma viagem para a qual ele deseja rumar sozinho. Então, o vocalista do The Killers partiu para (até agora) duas viagens: Flamingo (2010) e The Desired Effect (2015).
Flamingo já demonstrava a intenção de Brandon Flowers em diminuir a pegada rock and roll e aumentar as pretensões de soar dançante, mas não conseguiu alcançar uma proposta estética desejada: tornou-se um disco com boas canções, e nada mais que isso. Já em The Desired Effect, Flowers parece ter conseguido lograr o êxito desejado: é um disco bastante consistente, com uma proposta estética bastante diversa da executada em sua banda.
O disco é bem dançante, repleto de bons singles radiofônicos. Há muito menos rock e muito mais synthpop, sendo que todos os instrumentos foram calculadamente gravados para soar como um disco típico dos anos 1980. Brandon Flowers ficou responsável pelos arranjos no teclado e no sintetizador, que sem sombra de dúvidas são os grandes protagonistas do disco, além (obviamente) do seu excelente trabalho vocal.
Na carreira solo, Flowers soa mais “econômico” que no The Killers, onde há efeitos e intenções para todo o lado. Sua voz fica mais nítida, cada elemento mais passível de se observar. Não trata-se aqui de juízo de valor, do tipo “Brandon é melhor solo”: observamos duas intencionalidades estéticas distintas, promovidas por um mesmo músico – o que denota toda a sua competência e originalidade, a serviço do cenário indie pop.
“Na carreira solo, Flowers soa mais “econômico” que no The Killers, onde há efeitos e intenções para todo o lado.”
Seu grupo de origem continua como banda consolidada, oferecendo ao público novas facetas e possibilidades, enquanto Brandon Flowers solo parece ter encontrado uma identidade bastante interessante, provavelmente algo que determinará o eixo dos seus próximos trabalhos.
Por ora, vamos acompanhar duas canções do álbum recém lançado por Brandon Flowers, The Desired Effect. “Can’t Dany My Love” é um single muito forte, com um refrão pegajoso e, por sua vez, uma intenção bastante radiofônica. “Still Want You” é um pouco menos “comercial” que a anterior, num ótimo trabalho de Brandon Flowers diante dos efeitos com sintetizador. As duas músicas conseguem representar bem o disco, no sentido de ser/estar oitentista e apresentar criações para além das referências.
Portanto, se você conhece o trabalho do The Killers, deve conhecer também o trabalho solo de Brandon Flowers.