My Morning Jacket lançou em 2015 o álbum The Waterfall. São sete discos na carreira; dezessete anos de existência. Neste período, pode-se dizer que a banda criou sim uma identidade: a de nunca se repetir. A experiência tem sido a tônica de tudo o que produzem, mesmo estando num limite entre a música pop e o que a vanguarda musical oferece de inovação.
Em seus dois primeiros discos (The Tennessee Fire e At Dawn), a busca por uma identidade própria ficava evidente. Uma mescla de contry, folk e southern rock acabaram por imprimir a singularidade que a banda almejava. Entretanto, o My Morning Jacket preferiu não repetir a fórmula de sucesso e essa “singularidade” apenas. Álbum após álbum, o grupo parece dialogar com estilos e tendências que estão em voga, incorporando-os ao que já produziam anteriormente.
Um álbum bastante representativo para exemplificar este processo é o Z, de 2005. Até então, a banda não havia utilizado a música eletrônica em seu processo de criação, algo que foi incorporado a partir deste disco. Fica evidente em Z a influência de bandas como Radiohead e R.E.M.. Ao mesmo tempo, as bases do country/folk/southern continuam por ali, porém reelaboradas. Portanto, não trata-se de uma cópia barata das influências musicais, mas sim uma reinvenção a partir do ponto de vista deles sobre essas influências.
http://www.youtube.com/watch?v=aMytB-HK-rw
Dez anos depois, outro disco bastante significativo na carreira da banda: The Waterfall. Não que nunca estivesse presente aqui e ali, mas é notória a influência da psicodelia no disco, bem como o diálogo com bandas contemporâneas que vem produzindo excelentes discos nessa seara, como o Tame Impala e o Unknown Mortal Orchestra, cada um a seu modo. E, mais uma vez, a fórmula não se repete, pois The Waterfall não é um disco totalmente psicodélico, embora esta característica seja bastante marcante.
Portanto, não trata-se de uma cópia barata das influências musicais, mas sim uma reinvenção a partir do ponto de vista deles sobre essas influências.
Interessante observar que o My Morning Jacket nunca caiu nas graças de um público “massivo”, apesar de terem alcançado relativo sucesso com alguns singles nas rádios e integrando trilhas sonoras de filmes. Talvez as características camaleônica e inquieta da banda contribuam para que esse boom acabe por não se efetivar integralmente. Em relação à crítica musical, o grupo sempre contou com resenhas positivas dos seus lançamentos, o que não foi diferente após o lançamento do sétimo álbum.
http://www.youtube.com/watch?v=4jyy6YxXEaM
Portanto, a banda segue por este caminho meio pop, meio mainstream, meio alheia a tudo isso. Sabem quem são, mas procuram a reinvenção disco a disco, dialogando com o que está em voga na música atual. E assim seguem, criando e reelaborando quem são, e quem a música é. Uma banda interessante para conhecer, apreciar a discografia e tentar imaginar para onde irão, em seus próximos experimentos. A acompanhar.