Se há um nome que sintetiza a audácia e a inovação do pop na última década, é A. G. Cook, nome integrante do lineup da próxima edição do C6 Fest. Alexander Guy Cook, o nome por trás da alcunha, emergiu como uma força transformadora na música pop contemporânea. Nascido em Londres no ano de 1990, filho do renomado arquiteto Peter Cook com a também arquiteta israelense Yael Reisner, o produtor britânico não é somente um músico, mas uma espécie de visionário que trabalha pela redefinição dos limites do pop, do experimentalismo e da música eletrônica – principalmente com seu selo, o PC Music.
Formado em música pela Goldsmiths, parte da Universidade de Londres, foi a vivência acadêmica que lhe serviu de base para a futura carreira inovadora. Após fundar sua gravadora, em 2013, rapidamente viu sua iniciativa se destacar pelo som distintamente experimental e pela subversão das convenções do pop tradicional. Sua influência é tão vasta que é difícil imaginar o cenário musical contemporâneo sem sua pegada digital hiper colorida e distorcida.
Nascimento de um visionário
Cook também estudou computação antes de mergulhar no universo da produção musical. Em 2013, a PC Music surgiu como uma coletânea de artistas que se tornaria o epicentro de uma revolução sonora. Rapidamente, a gravadora se destacou como um celeiro de talentos, abrigando artistas como Hannah Diamond, GFOTY e Sophie, desempenhando papel crucial na definição e popularização do gênero conhecido como hyperpop.
O selo de Cook era uma reposta ao pop comercial e à música eletrônica, mas com uma estética exageradamente brilhante, quase irônica, que desafiava as convenções do gênero.
O selo de Cook era uma reposta ao pop comercial e à música eletrônica, mas com uma estética exageradamente brilhante, quase irônica, que desafiava as convenções do gênero. Todos os clichês do pop dos anos 1990 e 2000 eram amplificados deliberadamente, resultando em uma sonoridade simultaneamente nostálgica e futurista.
Essa abordagem da PC Music não apenas desafiou as normas estabelecidas da indústria musical, mas também influenciou uma nova geração de artistas e produtores. Seu trabalho é uma colisão deliberada entre o comercial e o experimental, como se ele estivesse constantemente perguntando “O que aconteceria se empurrássemos isso até o limite?”.
G. Cook: o som do futuro
G. Cook conseguiu criar um gênero que combina melodias pop cativantes com produção abrasiva, vocais processados e uma estética que oscila entre o banal e o futurista. Em 2020, lançou, finalmente, seus primeiros álbuns solo, 7G e Apple, cujos retornos da crítica foram bastante elogiosos, principalmente pela abordagem ousada e inventiva ao gênero pop.
7G (2020) é um testemunho da abordagem do britânico. Com 49 faixas divididas em sete discos, é uma jornada caótica e fascinante através de gêneros, desde o EDM até o folk eletrônico. Não é fácil de digerir, mas é pouco provável passar impassível a ele.
Naquele ano, a Variety decidiu reconhecê-lo como Hitmaker Innovator of the Year, ao lado de Charli XCX. Não à toa, a cantora pop deve muito ao produtor, peça fundamental no sucesso de Brat, considerado pela Pitchfork (e outros veículos) como um dos melhores registros de 2024.
Colaborações
Um traço da carreira de Cook é, justamente, suas colaborações com grandes estrelas, como Lady Gaga (no disco de remixes Dawn of Chromatica) e com Beyoncé em “All Up in Your Mind” (faixa de Renaissance). Até mesmo Madonna trabalhou recentemente com Cook. No entanto, é com Charli XCX sua principal parceria.
Tanto para a cantora como para Cook, o vazamento do álbum que Charli XCX preparava para 2017 foi um divisor de águas. As mixtapes Number 1 Angel e Pop 2, ambos de 2017, foram aclamados, e solidificaram o terreno para que a artista passasse a ser vista como inovadora no pop. Charli (2019) marcou a reputação de ambos, mas principalmente de Cook e seu talento em mesclar o mainstream com o experimental.
Britpop, mais recente trabalho do britânico, manteve viva essa parceria entre a dupla, mostrando que A. G. Cook não é somente um produtor, mas um arquiteto sonoro moderno, que sempre desafiará convenções – e, provavelmente, seguirá inspirando artistas a explorar territórios musicais pouco navegados.
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O C6 Fest de 2025 acontece entre os dias 22 e 25 de março, no Parque Ibirapuera. Com Air, The Pretenders e Wilco liderando o festival, nomes como Amaro Freitas, Nile Rodgers, Gossip e Mulatu Astatke também subirão aos palcos. A Escotilha estará na cobertura e, nos próximos dias, apresentará os artistas, dando um panorama do que o público brasileiro deve esperar dos shows.
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