A banda gaúcha Dingo Bells lançou há pouco seu segundo disco, Todo Mundo Vai Mudar, o sucessor do elogiado Maravilhas da Vida Moderna. Anunciado como um trabalho que fala sobre a mudança, o lançamento traz dez canções que nascem no universo do rock, mas que cativam por sua verve pop.
Produzido através do edital Natura Musical 2016 com apoio da Lei Pró-Cultura/RS, o novo disco expande o universo poético da banda e os afirma como um dos grupos mais interessantes da atualidade.
Todo Mundo Vai Mudar orbita no mesmo universo temático que o disco de estreia da banda, falando sobre a vida moderna, o cotidiano nas grandes cidades, a velocidade do nosso tempo, as relações interpessoais e, claro, o amor. O interessante é o olhar que o trio impõe sobre esses temas: simples, cotidiano, direto, por isso mesmo, extremamente poético.
As canções do Dingo Bells funcionam como pequenas crônicas da vida mundana: personagens simples, que podem ser eu ou você, fazendo coisas banais e aprendendo sobre a vida na prática, tudo arrematado com refrões que ficam na cabeça, tornando essas canções fáceis de cantar junto & alto.
Maravilhas da Vida Moderna e Todo Mundo Vai Mudar acabam dialogando, já que este aqui soa como uma expansão do universo aberto no disco de estreia. Juntos, os dois discos funcionam como um bom olhar sobre a vida de quem tem 20, 30 ou 40 e poucos anos nos anos 2010.
As canções do Dingo Bells funcionam como pequenas crônicas da vida mundana.
Composto em conjunto por Diogo Brochmann (guitarra e voz), Felipe Kautz (baixo e voz), Rodrigo Fischmann (voz e bateria), Todo Mundo Vai Mudar passeia de forma segura por canções mais efusivas e por baladas românticas mais reflexivas. “A sua sorte”, por exemplo, é construída com delicadas camadas, numa canção que cresce aos poucos; já “Meias Palavras”, por sua vez, é uma bela balada dos solitários e tímidos.
Além das citadas, “Aos domingos (quando eu resolver)”, “Tem pra quem”, “Sinta-se em casa” e o quase-samba “O que não se vê de cara” são grandes canções, que mostram a maturidade e o cuidado da banda, que consegue produzir faixas delicadas, redondinhas.
Acredito muito que se ainda tivéssemos o mercado fonográfico que havia por aqui nos anos 80 e 90, a Dingo Bells seria uma banda grande, de comunicação massiva. Suas canções têm apelo pop e simples, seus arranjos são cuidadosos e bem produzidos, é um trabalho prontinho para ecoar alto, mas que ainda é restrito a um público diminuto.
Apesar disso, é um público bem fiel e a Dingo Bells acaba ganhando muito no ao vivo: suas performances são entregues e a plateia gosta de cantar junto e alto (às vezes até baixinho, se a canção assim pedir). A turnê de Todo Mundo Vai Mudar já está na estrada e passará por Curitiba, no festival Coolritiba, no dia 5 de maio: vale muito a pena conferir.
Por enquanto, dê play em Todo Mundo Vai Mudar e ouça com calma, com atenção, para que você encontre aquela faixa que será “a sua música”. Esse é um belo antídoto para os nossos momentos de solidão e reflexão, mas é também um disco para ser ouvido junto com amigos, de casal, como for, mas sempre de ouvido e coração aberto.