O The National é uma das melhores e mais cultuadas bandas da cena alternativa da última década. Ao lado de grupos como o Wilco, o quinteto de Ohio é aclamada pela crítica e possui fãs fiéis. Matt Berninger, líder do The National, é reconhecidamente um grande compositor e cantor, com letras emocionantes e profundas, humor ácido e sombrio. O Menomena é uma banda indie de Portland com proporções menores, mas trabalhos interessantes e até inovadores na cena, com toques experimentais e produções criativas. Brent Knopf fazia parte do trio que formou o Menomena no começo dos anos 2000 e, recentemente, começou seu projeto solo, o Ramona Falls.
Com os dois devidamente apresentados, o EL VY é mais novo projeto de férias de Berninger e Knopf. Return to the Moon acaba de ser lançado como primeiro disco da dupla, e é muito mais uma visão divertida do The National com o Menomena do que qualquer outra coisa. Berninger já escreveu letras como “It’s a hollywood summer / You never believe the shitty thoughts I think”, enquanto o Menomena fez parecer dramática na canção “Tithe”, de 2010, a estrofe “Spending the best years of a childhood horizontal on the floor / Like a bobsled minus the teamwork and the televised support”. A união do senso de humor peculiar das duas bandas criou a base do EL VY, um projeto onde, especialmente Berninger, pode fazer fazer coisas que normalmente não caberiam no The National.
Return to the Moon é um disco que tenta ser divertido, cheio de letras curiosas e repletas de referências que vão da Bíblia à política, passando por cenários autobiográficos, como quando Berninger canta sobre crescer gostando de Smiths e Hüsker Dü, em “Paul Is Alive”. É menos pretensioso que o The National e que o Menomena, especialmente nas harmonias. Os arranjos de Knopf são carregados no teclado, brincam com um funk brega e seguem estruturas simples. Nem de perto lembram as composições dos irmãos Dessner no National, algo que certamente não era o objetivo.
O grande problema do disco é a falta de sentido na união dos dois artistas. A produção de Knopf não é ruim e as letras de Berninger são boas, mas não combinam. Pode ser por estarmos acostumados a ouvir o barítono nas músicas do The National, mas o som do EL VY parece extremamente artificial em alguns momentos, como um remix de mal gosto usando a voz de Matt Berninger.
A faixa final do disco, talvez por ser a que mais se parece com uma canção do National, é a que soa mais natural em Return to the Moon. “Careless” traz Berninger cantando pausadamente, analisando a conversa de fim de relacionamento de um suposto casal. Aqui soa natural o arranjo de bateria e guitarra simples de Knopf, diferentemente de faixas como “I’m the Man to Be”, onde a sensação é de que duas músicas diferentes foram juntas em uma trilha.
Visto que tanto Berninger quanto Knopf seguem suas rotinas com as outras bandas, o EL VY é muito mais uma brincadeira dos dois do que um projeto paralelo propriamente dito. Dessa maneira, pode ser injusta a comparação com os trabalhos originais, mas, de qualquer jeito, Return to the Moon é um disco pouco marcante que, na melhor das hipóteses, nos faz pedir logo por outro disco do The National.