Desde que surgiu no cenário musical, nos idos de 2009, Florence Welch e sua banda vieram, a cada álbum, fincando os pés na fama com força gradativa, ganhando mais importância e destaque, até o presente. Desde o último álbum – e, podemos dizer também, da última passagem da cantora pelo território brasileiro –, é possível afirmar que o som híbrido e repleto de influências da banda se tornou um dos principais da atualidade.
Cheio de harmonias vocais, sonoridades folk, tudo amarrado pela voz delicada e forte da inglesa, o Florence + The Machine é seguido de perto por uma legião de fãs arrebatados e apaixonados. E talvez seja para esses mesmos que a banda apresentou seu mais novo trabalho, ontem. Soando mais madura e menos grandiloquente que nos momentos anteriores, tudo em High as Hope soa bem coeso, harmônico, ao mesmo tempo em que não recorre a alguns artifícios empregados em momentos anteriores.
Desde a faixa de abertura, já é possível perceber que parte do drama e do som excessivamente trabalho ficou de lado em High as Hope. “June”, a primeira música do álbum, já flerta com potencialidades distintas, menos melodramáticas, mas que, ainda assim, dão destaque à voz da cantora. As transições são tão suaves e o disco de tal maneira vai num crescendo, como se estivesse acumulando musicalidade e experiência, que, num determinado ponto, é quase difícil discernir quando termina uma faixa e quando começa outra, e isso não é um defeito, e, sim, uma qualidade.
Tudo em High as Hope soa bem coeso, harmônico, ao mesmo tempo em que não recorre a alguns artifícios empregados em momentos anteriores.
Um dos pontos altos do álbum é, definitivamente, “Hunger”, que mistura parte do que fez a fama e a identidade musical da banda até o momento com toques levemente dançantes, que fazem com que seja impossível, após ouvir pela segunda ou terceira vez, não sair dançando e cantando para acompanhar.O som de Florence + The Machine, para além de beirar o onírico, sempre construiu uma atmosfera mítica, em que a vocalista e seu delicado visual de fada parecia recém-saída de uma peça de Shakespeare. O grande trunfo de High as Hope é, provavelmente, soar mais humano, apesar de ainda delicado.
Um outro grande momento é “Grace”, que muito embora ainda tenha passagens dramáticas, é uma canção que se apoia basicamente na voz da cantora e no piano, explorando um doçura mais real e menos idílica. É difícil dizer, observando a trajetória da banda, se High as Hope é ou tem potencial para ser alçado ao posto de melhor disco. O que é possível dizer, no entanto, é que se trata de um trabalho interessante, que mostra versatilidade sem perder a identidade, e contribui de maneira ímpar para a discografia banda.