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Home Música

O que restou de nossos amores?

porRaphaella Lira
2 de setembro de 2017
em Música
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Indie rock dos anos 2000

Foto: StockSanp/Pixabay.

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Talvez devêssemos nos lembrar com exatidão, mas minha vida circa 2000, preciso confessar, é um enorme borrão. Os fatos da memória se sucedem sem muita cronologia, enquanto a trilha sonora se mistura ao fundo sem grande critério. O que eu queria me lembrar mesmo era quando o indie se tornou isso que é hoje, quando foi que demos à década musical de 1990 como oficialmente encerrada e a música conforme a conhecemos hoje se transformou no lugar-comum. Eu gostaria de me lembrar.

O que me recordo, porém, foi de como comprei meu primeiro CD do The Strokes e como cada uma daquelas faixas influenciou grupos que povoam minhas playlists até os dias de hoje. E bem, esse questionamento que hoje me assola passa por algo que foi uma parte determinante da minha formação musical e a de todos os meus amigos também.

No Rio de Janeiro, desde de meados dos anos 90, sempre foi difícil buscar um lugar ao sol, pois quem não se enquadrava muito no repertório padrão, que sempre envolveu uma combinação de samba, funk e boates que só tocavam hip hop descontextualizado. Durante esses anos, houve a Bunker, boate em Copacabana onde grande parte dos meus amigos tomou seus primeiros porres e ouviu a maior parte das coisas que até hoje se encontra nas listas que fazemos para as festinhas. Depois de findo o reinado da Bunker, iniciaram-se os anos da Casa da Matriz, boate que resiste até os dias de hoje, apesar de já ter perdido grande parte da sua força e charme, sem contar festas e repertório. A fim de continuar viva, a Matriz nem de perto se parece com o lugar onde eu passava todas as minhas segundas-feiras, dançando ao som de indie rocks duvidosos, com The Shins e The Bravery.

A questão é que por melhores que sejam as memórias que meus amigos e eu temos desses anos perdidos, e que por mais resistentes – e também persistentes – que tenham sidos os arquétipos musicais nascidos sob a geração de Julian Casablancas e cia, é quase que inevitável que nos perguntemos hoje para onde caminha o cenário da música alternativa.

Em fevereiro desse ano, uma discussão um tanto quanto polêmica envolvendo Dave Longstreth, do Dirty Projectors, e Robin Pecknold, frontman do Fleet Foxes, foi o centro das atenções no Instagram, quando os músicos se questionaram sobre o futuro do indie rock enquanto gênero. O líder do Dirty Projectors não hesitou em afirmar que o indie se tornou simultaneamente ruim, burguês e medíocre, e que tudo que faz parte do que consideramos paradigmático nesse gênero musical se tornou ultrapassado e não faz muito sentido em ser reproduzido hoje.

É preciso lembrar também que há muito tempo os riffs soam repetitivos e mesmo bandas que já foram consideradas vanguardistas enquanto arrastavam quantidades inimagináveis de pessoas a shows não gravam nenhuma faixa verdadeiramente boa há anos.

Por mais que se queira problematizar as afirmações de Longstreth, sem deixar de entrever que, apesar dos altos e baixos, ainda há muita música consistente sendo gerada sob a alcunha do indie (que há tanto tempo deixou de significar estritamente independente e se transformou em algo mais), é preciso lembrar também que há muito tempo os riffs soam repetitivos e mesmo bandas que já foram consideradas vanguardistas enquanto arrastavam quantidades inimagináveis de pessoas a shows não gravam nenhuma faixa verdadeiramente boa há anos.

É salutar que regularmente reflitamos não só sobre a qualidade do que andamos ouvindo, lendo, assistindo, como também se de fato os artistas que se encontram hoje no olho do furacão ainda poderão ser tomados como representantes válidos de um gênero ou uma época daqui a 40 ou 50 anos ou se serão meras notas de rodapé. É nesse ponto também que eu me coloco apenas como alguém que ouve música o tempo todo e se sente curiosa.

Talvez, secretamente, eu ainda esteja alimentando a fantasia de que, da mesma maneira que o rock foi uma ruptura no cenário da música popular há quase 60 anos atrás, o indie siga pelo mesmo caminho, ainda que possamos não estar mais vivendo numa realidade que comporte mudanças tão radicais de paradigma. Não obstante, é provável que nesse ponto eu esteja parcialmente de acordo com o líder do Dirty Projectors e ache que, sim, talvez seja importante que os músicos tenham menos apreço pelas formas herdadas em um determinado contexto do que a aventura que possa vir a ser a busca por um som único e especial.

Claro que muitas das perguntas que eu estou fazendo aqui só poderão ser respondidas pelo tempo. O que não invalida, no entanto, a necessidade de que as façamos mesmo assim, e que por maior que seja nossa preferência por determinado artista, por mais estreita que seja nossa identificação pessoal com suas letras ou suas músicas, isso jamais será capaz de se sobrepor à relevância real dele no cenário popular ou contra o pano de fundo da história da música. Bem, dito isso, confesso que tanto nas minhas playlists quanto na dos amigos pouco sobrou de grandes amores da década passada, ou mesmo de 20 anos atrás. Vida que segue.

Tags: Anos 2000BunkerCasa da MatrizCrítica MusicalDave LongstrethDirty ProjectorsFleet Foxesindie rockJulian CasablancasMúsicaRobin PecknoldRockThe Strokes

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