Juntamos nossa equipe para fazer uma retrospectiva sobre o ano musical. Desse momento surgiram as seguintes listas. Nelas, apontamos os 10 melhores discos nacionais e os 10 melhores discos internacionais de 2017. Cada jornalista da equipe ainda apontou as revelações do ano e as personalidades do mundo da música. Confira – e compartilhe conosco qual a sua lista.
10 – Boogarins, Lá vem a morte

Sem aviso prévio, o terceiro álbum de estúdio dos goianos psicodélicos do Boogarins estreou pelo site norte-americano Consequence of Sound em junho. Samples, vozes ecoadas e a inconfundível presença de sintetizadores formam um trabalho mais experimental e bem diferente do que a banda vinha fazendo em seus dois discos anteriores. Lá vem a morte tem apenas 27 minutos, mas continua elevando o Boogarins como uma das bandas brasileiras mais bem aceitas na gringa atualmente. (FM)
9 – Xênia França, Xenia

Cantora baiana radicada em São Paulo, Xênia França faz parte do grupo Aláfia, mas é em sua estreia solo que sua força é ressaltada: um disco que mescla neo-soul & jazz, Brasil & África. Cultura negra, apropriação cultural e uma busca por suas raízes e ancestralidades marcam Xenia como um importante disco de afirmação. (RG)
8 – Giovani Cidreira, Japanese Food

Dono de um timbre ímpar e de uma inigualável capacidade de construção lírica, Giovani Cidreira fez em Japanese Food, seu primeiro LP, fruto de uma parceria entre a Balaclava e a Natura Musical, um passeio por gêneros, colocando em contato com perfeição MPB e rock, rememorando a obra de Milton Nascimento e do Clube da Esquina através de sua exímia condução vocal. (AM)
7 – Baco Exú do Blues – Esú

Depois de bagunçar o cenário do rap em “Sulicídio”, o aguardado disco de Baco Exu do Blues (o soteropolitano Diogo Moncorvo) é a estreia perfeita para um MC em quem o público depositava tanta esperança. Em Esú, Baco despeja linhas pesadas e contundentes sobre bases que misturam o trap à música nordestina, soando coeso e original. Abre caminho, deixa o Exu passar! (RC)
6 – Vitor Ramil – Campos Neutrais

Dono de uma obra extensa, diversificada e rica, Vitor Ramil lançou seu décimo primeiro álbum de inéditas este ano. Campos Neutrais é a cereja do bolo de uma carreira construída com muito rigor técnico, mas também com versatilidade, improviso e talento. Ramil certamente está em seu auge. (AM)
5 – Tim Bernardes – Recomeçar

Recomeçar talvez tenha sido um dos discos mais sinceros do último ano, principalmente pelo modo como fala da decepção. Coeso e suave, ao mesmo tempo triste e solitário, Tim Bernardes foi uma das mais gratas surpresas do cenário nacional. (RL)
4 – Don L – Roteiro para Aïnouz Vol. III

Em apenas 35 minutos, o cearense Don L cria um disco de rap bastante sedutor, que é feito para dançar e outras coisas… Com participações de Nego Gallo, Thiago França, Lay, Léo Justi e outros, Roteiro para Aïnouz Vol. III é pop, inteligente e com força suficiente para definir Don L como um dos grandes nomes do rap nacional. (RG)
3 – Luiza Lian – Oyá Tempo

Oyá Tempo é um recorte bastante representativo do momento que vivemos: traz a convergência de mídias (o disco foi lançado também no formato de álbum visual), a mistura do moderno com o ancestral, a busca pela religiosidade e a esquizofrenia musical da geração internet. O segundo registro em estúdio de Luiza Lian é tão místico quanto sensual; é tão vaporwave quanto funk experimental. E é bom demais.
2 – Letrux – Letrux em noite de climão

Letrux em noite de climão marca a nova fase da carreira de Letícia Novaes, ex-Letuce. Mistura eletrônica de pop com toques confessionais, o álbum foi um sucesso absoluto, chegando inclusive a ser premiado pelo canal Multishow.
1- Rincon Sapiência – Galanga Livre

A coisa anda boa para o rap nacional independente. Para Rincon Sapiência, 2017 foi especialmente importante: seu primeiro álbum cheio ganhou vida no primeiro semestre desse ano. O rapper, que já era conhecido na cena desde o início dos anos 2000, estreou Galanga Livre com muita classe e veia crítica. Inspirado na literatura de cordel e em histórias da escravidão no Brasil, o disco tem musicalidade marcada com piano, guitarras e bateria e referências a sons de países africanos como Mauritânia e Senegal.
10 – Thundercat – Drunk

23 faixas curtas, nomes de pesos nas participações e um disco a ser desvendado: Drunk é o terceiro e melhor álbum do norte-americano Thundercat. Jazz, R&B, hip-hop e música eletrônica se fundem num quebra-cabeça divertido, tornando Drunk uma espécie de trilha sonora de um cartoon retro-futurista do qual você não quer perder nenhum episódio. (RG)
9 – Tyler, the Creator, Flower Boy

Apesar de sempre ter sido dado a polêmicas, Tyler, the Creator decidiu deixar tudo isso de lado em seu último trabalho, Flower Boy. Maduro e conciso, o álbum fala sobre temas como solidão e sexualidade de maneira aberta e objetiva. (RL)
8 – Courtney Barnett & Kurt Vile – Lotta Sea Lice

A dupla musical do ano? Para nós, sim. A parceria perfeita entre esses dois carismáticos ícones do rock alternativo resultou em um álbum celebrativo e descompromissado, unindo a leveza e bom humor de Courtney com as guitarras nostálgicas de Kurt. Lotta Sea Lice deve perdurar muito além de 2017, como um álbum para ser ouvido em todos os próximos verões. (FM)
7 – Julie Byrne – Not Even Happiness

Julie Byrne e suas músicas, espectrais e tangíveis simultaneamente, nos levam ao lugar preferido da cantora, onde através de melodias suaves e experiências pessoais somos apresentados a uma artista que faz um constante jogo entre a simplicidade musical e a profunda exploração de sentimentos. Not Even Happiness, seu segundo disco de inéditas, é a tradução perfeita deste jogo. (AM)
6 – Lorde – Melodrama

Um dos principais ícones da geração hipster da música, Lorde tem uma capacidade pouco usual para capturar emoções e transformá-las em canções. Com Melodrama, a cantora compôs um retrato sobre ser uma mulher jovem nos dias atuais, mostrando que o poder da música pop nunca desaparece, apenas assume outras roupagens. (AM)
5 – Björk – Utopia

Depois do ritual de separação que foi Vulnicura, Utopia é quase um tratado da islandesa Björk perante a bagunça desse mundo: um espaço mágico onde seja possível se viver a paz e o amor. Entre flautas, pássaros e explorações eletrônicas, Utopia é um trabalho quase hermético, mas que se abre em beleza para quem mergulha nesse universo. (RG)
4 – Kendrick Lamar – DAMN.

Se o To Pimp a Butterfly mostrava um lado jazz e funk, na obra-prima DAMN. o jovem rapper californiano experimenta mais gêneros e mais formas, abusando dos samples e das sonoridades mais diretas. Se o som mudou tanto, porém, a qualidade lírica continua lá: K. Dot segue versando sobre amor e luxúria na mesma facilidade com que expõe o racismo e questiona a política estadunidense. (RC)
3 – The National – Sleep Well Beast

O hiato de 4 anos desde Trouble Will Find Me aparentemente fez muito bem ao The National. Sleep Well Beast é um dos álbuns mais consistentes da carreira da banda em termos de estilo e composições. Letras duras sobre os desafios de um relacionamento e casamentos que chegam ao fim, criadas por Matt Berninger em parceria com sua esposa, Carin Besser, são o alicerce do trabalho. Mais uma prova de que The National é uma das mais profundas bandas da cena alternativa das últimas décadas. (FM)
2 – Father John Misty – Pure Comedy

Josh Tillman tem um papel muito importante na cultura pop de hoje em dia: a de contestador, com olhar ácido, preciso e sempre irônico sobre a sociedade. Seu terceiro (e melhor) álbum sob a persona de Father John Misty, Pure Comedy, confirma essa posição – é uma observação minuciosa do mundo, existencialista e espiritual, na forma de belíssimas canções. (RC)
1 – LCD Soundsystem – American Dream

American Dream marca o retorno do LCD Soundsystem após um hiato de pouco mais de seis anos. Com letras que falam essencialmente sobre o fim, o álbum trouxe de volta – devidamente revitalizado – a mistura de rock, dance e punk que fez a fama do grupo. (RL)