Pra Variar, novo álbum dos catarinenses da Variantes, faz um jogo de palavras com a própria trajetória da banda. Quarto disco de estúdio, ele retoma algumas das características que marcaram a história do grupo, ao mesmo tempo que apresenta variações (com o perdão do trocadilho) e novas camadas, ampliando a cartela sonora do quinteto.
Para entender onde Pra Variar quer chegar é preciso olhar para trás, vasculhar os três discos anteriores que completam a discografia dos Variantes. O disco homônimo, de 2008, era marcado pela forte influência do rock gaúcho, em que o rock’n’roll norte-americano dos anos 50 e dos britânicos (e icônicos) The Beatles e The Rolling Stones são os maiores impactos – algo que outros grupos de fora do Rio Grande do Sul já fizeram também com sucesso, como o Faichecleres (PR) e Repolho (SC), por exemplo.
Para entender onde Pra Variar quer chegar é preciso olhar para trás, vasculhar os três discos anteriores que completam a discografia dos Variantes.
Já em Com Prazer, de 2011, o grupo expandiu sua sonoridade, acrescentando inclusive naipe de metais, baixos groovados e sementes do country rock – que retornam no novo lançamento. The Who e The Kinks passam a incendiar as composições do grupo. Tudo Acontece, de 2014, seguiu toada semelhante, oferecendo contornos que só viriam a ficar mais claros agora, neste 2018.
Gustavo Faccio, André Morandini, Willian Nascimento, Lucas da Rocha e Jakson Kreuz se afastam do pastiche comercial que tem prejudicado a cena do rock alternativo nacional, mais preocupado em reproduzir a mesmice cotidiana do que em servir como contraponto cultural. Pra Variar encontra força numa representação mais direta e sem firulas, que em muito nos remete à essência do rock de garagem, em que o minimalismo estético, rítmico e sonoro são pontos estratégicos na formatação dessa identidade musical.
São estas características que tornam o registro um exercício de significações. Essa atmosfera que a Variantes busca em seu próprio histórico não entrega canções fáceis, que subestimam o ouvinte, mas também não optam pelo pedantismo. Ele continua a trilhar a força dos riffs coerentes, ao mesmo tempo em que tentar dar uma cara própria à crueza de suas composições, apostando em um discurso e uma narrativa mais direta, conectadas com as intempéries cotidianas e com a necessidade de explosão corporal oriunda da música, um tipo de explosão e entrega características do rock, em especial deste recorte feito no Sul, tão idiossincrático e plural, tão universal e regional.
Em última instância, há um caráter meio revisionista nesta nova etapa da banda. Encontrar-se, dez anos depois, frente a uma obra que traça paralelo com sua história é, de algum modo, saber que há sempre algo mais a se fazer. E é principalmente por isso que o leitor deveria, desde já, dar uma chance, se não duas, para o grupo de Chapecó.
NO RADAR | Variantes
Onde: Chapecó, SC;
Quando: 2005;
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