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Crítica: ‘Ao Vivo [dentro da cabeça de alguém]’ abraça a efemeridade do teatro – Festival de Curitiba

'Ao Vivo [dentro da cabeça de alguém]', espetáculo da Companhia Brasileira de Teatro, mergulha o público em uma experiência sensorial e emocional que dissolve as fronteiras entre realidade e ficção. Renata Sorrah, em grande forma, conduz a narrativa como se percorresse um labirinto de memórias, onde teatro e vida se entrelaçam.

porPaulo Camargo
28 de março de 2025
em Teatro
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Com ingressos esgotados, novo espetáculo da Companhia Brasileira de Teatro foi encenado no Festival de Curitiba. Imagem: Nana Moraes / Divulgação.

Com ingressos esgotados, novo espetáculo da Companhia Brasileira de Teatro foi encenado no Festival de Curitiba. Imagem: Nana Moraes / Divulgação.

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Apresentado ontem no Teatro da Reitoria, dentro da programação do Festival de Curitiba, Ao Vivo [dentro da cabeça de alguém], o espetáculo da Companhia Brasileira de Teatro, mergulhou o público em uma experiência sensorial e emocional que dissolve as fronteiras entre realidade e ficção. Com a plateia completamente lotada e aplausos entusiasmados ao final, a montagem reafirmou sua força ao envolver os espectadores em um fluxo de consciência dramatúrgico que desafia as convenções narrativas.

No palco, Renata Sorrah, em grande forma, conduz a narrativa como se percorresse um labirinto de memórias, onde teatro e vida se entrelaçam. A peça não se constrói sobre uma história linear, mas sobre fragmentos que dialogam com o tempo e a própria natureza efêmera da arte.

O texto de Marcio Abreu, diferentemente de suas criações anteriores, chegou aos ensaios já estruturado, estabelecendo um diálogo não linear com A Gaivota, de Anton Tchekhov. No entanto, em vez de uma adaptação convencional, a montagem subverte as convenções narrativas, dissolvendo as fronteiras entre os personagens clássicos e as histórias pessoais do elenco.

Renata Sorrah não apenas revisita sua própria memória artística, mas também incorpora as vozes de todas as atrizes que um dia interpretaram Nina, a jovem aspirante a atriz que busca seu espaço no mundo da arte. Em 1974, aos 27 anos, Renata viveu essa personagem na montagem de Jorge Lavelli, contracenando com nomes como Tereza Rachel e Sérgio Britto. Agora, meio século depois, sua presença no palco ressignifica essa experiência, trazendo novas camadas de interpretação e sentido.

O espetáculo também não se exime de comentar questões políticas e históricas. Em determinado ponto, menciona o impeachment de Dilma Rousseff como um golpe e relembra a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva.

A encenação se estrutura como uma série de fragmentos que se entrelaçam. Em alguns momentos, as cenas ecoam trechos de A Gaivota sem referências explícitas. Em uma passagem marcante, Renata assume o papel de Arkádina em um embate com Trigórin, interpretado por Rodrigo Bolzan, no qual discute o distanciamento do amante. A cena, de grande carga emocional, poderia ser observada em qualquer relação contemporânea, mas seu cerne reside na dramaturgia de Tchekhov.

A peça também se permite transitar entre tempos e perspectivas, unindo drama e autobiografia. O excelente Rafael Bacelar, no papel de Treplev, protagoniza uma das sequências mais impactantes, que levou o público ao delírio, ao mesclar sua própria trajetória com a do personagem. A interação entre Treplev e sua mãe, Arkádina, culmina em um raro gesto de ternura, no qual ela troca sua atadura após uma tentativa de suicídio. É um momento de suspensão, em que as barreiras entre ficção e realidade se diluem por completo.

O espetáculo também não se exime de comentar questões políticas e históricas. Em determinado ponto, menciona o impeachment de Dilma Rousseff como um golpe e relembra a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva. A colocação desses elementos no texto reforça o compromisso do teatro como espaço de reflexão crítica.

No clímax da peça, Marcio Abreu reimagina o destino de Nina. Na obra original de Tchekhov, a personagem retorna ao interior desiludida, marcada pelos fracassos. Aqui, sua trajetória é levada a um desfecho ainda mais trágico: carregando pedras nos bolsos, Nina se dirige ao lago e se deixa afundar, em uma alusão ao suicídio de Virginia Woolf. Essa cena ganha força com a voz da incrível Bianca Manicongo, que interpreta “Love is a Losing Game”, de Amy Winehouse. A atriz volta a brilhar quando traz para o palco a sua própria história de artista travesti.

Ao Vivo [dentro da cabeça de alguém] abraça a efemeridade do teatro como parte essencial de sua experiência. Ontem, no Teatro da Reitoria, o espetáculo foi recebido com entusiasmo e aplausos prolongados, confirmando sua potência e impacto emocional. Como o próprio nome sugere, é um convite para viver o momento e permitir que, ao final, algo persista – ainda que apenas dentro da cabeça de alguém.

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Tags: Ao Vivo [dentro da cabeça de alguém]Companhia Brasileira de TeatroFestival de CuritibaMarcio AbreuRenata Sorrah

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