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Fernanda Montenegro: o machado entre as flores do prado

porBruno Zambelli
16 de agosto de 2018
em Teatro
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A vida agitada de Fernanda Montenegro (Rio de Janeiro, 1929) em nada lembra a rotina que se espera de uma mulher à beira dos noventa anos. Diferentemente do que se possa imaginar, e achincalhando o senso comum, a atriz é, hoje, aos 88 anos, uma das figuras públicas mais ativas do meio artístico, seja pela quantidade industrial de trabalhos em que se envolve, seja pelas opiniões, sempre coerente e lúcidas, com as quais se posiciona a respeito das questões que envolvem o Brasil e o mundo.

São quase 75 anos de luta, que configuram uma das carreiras mais brilhantes e emblemáticas dos tablados nacionais e, quiçá, internacionais. Só nos últimos tempos, a atriz participou de uma novela global no horário nobre, protagonizou um filme de Karim Aïnouz, militou em defesa do Teatro Oficina, abriu a Flip lendo poemas de Hilda Hilst e lançou uma espécie de biografia fotográfica, o itinerário de sua existência artística, pela editora SESC; ufa!

Fernanda Montenegro não para. Não para de trabalhar, de criar e recriar um mundo através desses olhos preciosos que abarcam um futuro possível e, principalmente nos últimos tempos, não para de se manifestar. Evidentemente, a atriz sempre se manifestou através de suas obras e escolhas, de seus atos e desacatos. Sempre se manifestou, independente do meio ou da causa. No entanto, de uns tempos pra cá, a artista passou a uivar diante dos abusos e absurdos recorrentes desse Brasil decadente. Em recente entrevista a Felipe Betim, para o El Pais, por conta do lançamento de sua fotobiografia, Fernanda Montenegro novamente colocou o dedo na ferida e bradou, a plenos pulmões, a necessidade de mudança que cobre o Brasil do litoral ao sertão.

“Cultura é batalha!”, Fernanda sabe disso mais do que ninguém. Há, é evidente, um enganoso glamour que cobre de pétalas a caminhada da atriz. Glamour esse que, aos olhos mortais, parecem apagar as pedras do caminho. Fernanda Montenegro, como todo artista brasileiro, mastiga pedras até hoje na tentativa de se livrar do entrevero de ser poeta da cena. Fernanda, mais do que suportar, persiste. Montenegro tenta, representa sua vida de artista a cada tostão, em cada vírgula, e independente de seu fabuloso destino continua inquieta como manda o figurino de artista indigesta que vestiu desde o princípio. Ela, mais do que atriz, é guerra.

Fernanda, mais do que suportar, persiste. Montenegro tenta, representa sua vida de artista a cada tostão, em cada vírgula, e independente de seu fabuloso destino continua inquieta como manda o figurino de artista indigesta que vestiu desde o princípio. Ela, mais do que atriz, é guerra.

“O Teatro não vai acabar, mas está nas catacumbas”, feito todos nós. Foram filmes, peças, novelas, né, Fernanda? Uma vida dedicada à atuação, que nunca fez, por mais que se diga o contrário, concessão alguma. É possível devorar a bela dama, mas nunca bebê-la feito licor ou conhaque. Sua potência trava a goela, causa engasgue diante da insubmissão da matriarca da cena. Fernanda é fazer, é bicho do palco, “o lugar mais livre que o homem criou em sua história”. Pois bem, Fernanda sabe como andamos. Por isso mesmo, mais do que livro, é preciso louvar suas investidas públicas. A censura ronda. A “censura que existe hoje é uma censura aparentemente sem face”. E assim, sem rostos, heróis ou bandidos, seguimos.

A pedra e a vidraça continuam separadas por conta de nossa covardia, da qual Fernandinha, a mãe, não compactua. O Brasil existe, e resiste, como bem nos disse a dama. Resiste em cada ato, em cada lembrança, em cada história. Seguimos firmes com a nossa própria cultura. Eu queria muito, muito mesmo, falar a respeito do livro que conta a história de Fernanda Montenegro, mas não é o caso, talvez nem seja preciso.

Sua história é conhecida, é sabida pelo Brasil afora. Agora, nessa hora, é preciso falar da Fernanda que grita e que conta, ao invés de sua própria e umbigal história, a nossa. Leiam, conheçam a obra e a carreira de Fernanda Montenegro, mas, acima de tudo, ouçam seus gritos que norteiam um país possível. Afinal, como a gigantesca mulher sobre a qual escrevo, eu também acredito que, apesar de tudo, e de todos, “esse país não vai se entregar, em todos os sentidos”. E viva Fernanda Montenegro!

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Tags: Editora SESCFernanda MontenegroFernanda Montenegro: Itinerário fotobiográficoLiteraturaTeatro

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