‘Pequeno Monólogo de Julieta’ reescreve momento crucial do clássico Shakespeariano
E se Julieta tivesse tempo?
Se pudesse pensar no que faria?
Se pudesse conversar consigo mesma?
Se pudesse refletir sobre o acontecido e o que aconteceria?
Se pudesse voltar viva para sua família?
Se tivesse a chance de aproveitar a vida que teria pela frente?
Se vivesse em outro tempo?
Se aceitasse o efêmero invés da eternidade?
E se tivesse se casado com o fidalgo Páris?
Ou se permanecesse ali diante do corpo de Romeu, aguardando a sua decomposição para que, assim, seu amor por ele também morresse.
Também responsável pela autoria, Scheiner já havia trazido a montagem para Curitiba em anos anteriores.
Essas são algumas das questões colocadas em jogo no espetáculo Pequeno Monólogo de Julieta, apresentado na última quinta-feira (30) na Casa do Damaceno como parte da programação do Fringe, mostra paralela do Festival de Curitiba, e que presta uma homenagem não só a William Shakespeare, mas também ao extinto Grupo Círculo e seu diretor, Christiano Scheiner, falecido em 2015.
Também responsável pela autoria, Scheiner já havia trazido a montagem para Curitiba em anos anteriores. Em 2017, coube à atriz Gilca Rigotti e a Lapso Cia Cênica a responsabilidade de mostrar em 45 minutos o que teria acontecido naquele pequeno espaço de tempo em que Julieta decide se juntar a Romeu e tornar o seu amor perpétuo.
No entanto, a imagem que temos da doce Julieta ganha um tom muito mais colérico quando ela entra no palco com passos lentos e, ofegante, dispara: “Eu te odeio”.
Inverter essa perspectiva e reescrever o momento decisivo de uma das peças mais famosas do mundo não é pouca responsabilidade, mas a atriz a assume e faz com que, sozinha em cena, seu corpo, sua fala e suas expressões se transformem em um coração cheio de questionamentos.