Eu gosto de constatar que a cada ano fica mais difícil fazer uma lista de séries ruins, seja porque temos muitas produções excelentes, seja porque não temos tempo para acompanhar todas as séries possíveis. Mas quando sofremos o azar de começar e finalizar uma série fraquinha, a sensação de perda de tempo é avassaladora. Nem só de ouro vive a televisão.
Já que o fim do ano é uma ótima desculpa para fazer listas, selecionei as 10 piores séries deste ano, na minha opinião. Algumas tiveram resenhas completas aqui na Escotilha, outras nem isso mereceram. Devo dizer que, na minha lista pessoal, a Netflix se fez bastante presente, mas não me xinguem. No meio de tantas boas produções, a gente esquece que a plataforma anda um pouco menos exigente.
De qualquer forma, a seleção serve para você passar longe de algumas produções radioativas. Na semana que vem nós conversaremos sobre as melhores do ano – aí sim, uma lista bem mais complicada. Ainda bem.
10. Orange is The New Black (Netflix) – 6.ª temporada
Orange is the New Black é uma série que serve para nos lembrar que a Netflix é muito bonitinha e fofinha, mas não deixa de ser uma empresa e que, se ela achar que é possível esticar uma história até sufocá-la, ela fará isso. A série sobre a vida de mulheres em uma prisão de segurança mínima muda o foco nesta sexta temporada e coloca as personagens numa instituição severa e linha dura. É a única coisa interessante.
O resto é uma repetição enfadonha de situações que já vimos inúmeras vezes nas primeiras temporadas, episódios intermináveis e diálogos que deram vergonha alheia. Com um humor pastelão e um drama que já não emociona, Orange Is The New Black fez uma temporada bem abaixo de suas antecessoras (que há estavam ruins). A série foi renovada para uma sétima e última temporada (graças a Deus).
9. Sense8 (Netflix) – Filme para TV feito para encerrar a série
Depois que a Netflix cancelou Sense8, em 2017, os fãs choraram, gritaram e espernearam. A Netflix ouviu e deixou que a série de Lilly e Lana Wachowski voltasse em formato de filme para encerrar a trajetória dos sensates. A segunda temporada já tinha sido ruim, mas esse episódio final fez até os fãs mais fervorosos reclamarem. Não houve muita preocupação em contar a conclusão de uma história de forma coerente, mas entregar cenas repletas de fan service, em uma confusão de situações que davam sono. De maneira apressada, confusa e com diálogos piores do que nunca, Sense8 acabou confirmando ser o que fingia não ser: uma série embalada por um papel lindo com um conteúdo mediano. Prepotente até o último segundo.
8. 13 Reasons Why (Netflix) – 2.ª temporada
Se a primeira temporada de 13 Reasons Why abriu uma importante discussão sobre suicídio e bullying ao mesmo tempo em que se falou sobre a irresponsabilidade no modo como a série trouxe o assunto para a TV, a existência de uma continuação foi a constatação de que os produtores estavam bem menos preocupados com os jovens do que pareciam.
Abordando todos os temas discutidos na primeira temporada e querendo resolver todas as críticas recebidas, o segundo ano ficou parecendo uma tentativa barata de monetizar em cima de uma história que já estava fechada. O resultado foi uma temporada desnecessária, forçada e com um final tão absurdo que seria de se esperar o encerramento da série, mas 13 Reasons Why já está garantida em 2019.
7. O Mecanismo (Netflix) – 1.ª temporada
Como disse em abril deste ano, o que deveria ser vista apenas como uma série bem meia boca virou motivo para protestos frágeis e discussões intermináveis sobre o que é verdade ou não é. Nesse ponto de vista, O Mecanismo acertou em cheio — e com os últimos acontecimentos da política brasileira, há material para umas 20 temporadas. Entretanto, a soberba de José Padilha aliada a um roteiro que parece ter sido escrito numa sala cheia de adolescentes fez de O Mecanismo uma série risível, com um diálogos sofríveis, personagens maniqueístas e palavrões a cada dois segundos. A série foi uma das maiores vergonhas do ano e isso não tem nada a ver com ideologia política.
6. Alex, Inc. (ABC) – 1.ª temporada
Zach Braff volta à TV depois de anos do encerramento de Scrubs, mas seu retorno infelizmente não foi muito bom. A comédia acompanhou Alex Schuman (Braff) um jornalista, marido e pai de família que mergulha de cabeça no novo e corajoso mundo do empreendedorismo quando deixa seu emprego estável para abrir seu próprio negócio, um podcast. O que poderia render cenas hilárias e irônicas a respeito do mundo das startups acabou sendo uma comédia fraquinha, com personagens que não cativavam e com um roteiro que simplesmente não fazia rir.
5. Splitting Up Together (ABC) – 1.ª temporada
Trazendo uma premissa relativamente original, Splitting Up Together foi cansando ao longo do tempo, tanto que até esqueci de continuar a ver. Lena (Jenna Fischer) e Martin (Oliver Hudson) estão em crise no casamento e decidem que o melhor para todos é o divórcio. Por motivos financeiros, o casal não vende a casa e continua a viver juntos, organizando um esquema de turnos. Quando Lena começa a se arriscar em outros relacionamentos, Martin percebe que pode ter sido o culpado pelo fim do casamento. A série poderia ser uma comédia engraçada ou uma dramédia interessante (e em alguns momentos consegue fazer isso), mas vai ficando insossa a ponto de ficar desinteressante. A audiência foi boa, por isso está garantida para uma segunda temporada.
4. Life Sentence (CW) – 1.ª temporada
Uma jovem diagnosticada com câncer terminal descobre que ela não está morrendo no fim das contas e tem que aprender a viver com as escolhas que ela fez quando decidiu viver como se não houvesse amanhã. Embora a protagonista seja interessante e a atuação de Lucy Hale seja boa, a série pesa a mão no melodrama, traz personagens secundários difíceis de gostar e desgasta o potencial da história com um roteiro para lá de exagerado. A série já foi cancelada pela CW.
3. Here and Now (HBO) – 1.ª temporada
Quando Alan Ball decide fazer uma série, a gente para tudo para assistir. Infelizmente Here and Now foi uma pequena vergonha para o currículo de quem entregou Six Feet Under e True Blood. A série é centrada em uma família multi-racial: um professor de filosofia, sua esposa advogada, seus três filhos adotivos da Somália, Vietnã e Colômbia, e sua única filha biológica. Tudo parece perfeito, até que uma das crianças começa a ver coisas que os outros não conseguem. É uma doença mental? Ou seria outra coisa? Pretensiosa e mesclando drama familiar com uma história sobrenatural, a série foi relativamente bem até o quinto episódio, mas depois se perde num emaranhado de questões que deixou o público cansado.
2. Living Biblically (CBS) – 1.ª temporada
Outra ideia interessante desperdiçada por um roteiro vergonhoso. Um homem entra numa crise de meia idade e decide viver de acordo com a Bíblia. Embora o argumento seja curioso, a série não passa de uma sitcom ruim, risadas ao fundo e episódios bem fraquinhos.
1. Insatiable (Netflix) – 1.ª temporada
Para mim, não é só a pior série do ano como a pior série que a Netflix já produziu. A história de uma garota que emagrece depois de quebrar a mandíbula em uma briga com um morador de rua (!) não faz rir, é ofensiva, não consegue transformar o grotesco em uma crítica e acaba entrando em algo assustador lá pelo final da série. Com personagens péssimos e piadas idiotas com pedofilia, Insatiable foi renovada para uma segunda temporada e deve tentar corrigir os horrores vistos no primeiro ano. Passe longe.