Às vezes é bom assistir a um bom filme ou série de ação, não? Explosões, tiroteios, sangue… Tudo para alegrar aquela criança dentro de nós que só quer sentir um pouco de adrenalina inconsequente.
Se é disso que você precisa, Black Lagoon é o remédio que entrega exatamente o que promete.

Animado pelo estúdio Madhouse, produzido pela Geneon e baseado nos mangás de Rei Hiroe, este é o anime de ação para adultos por excelência, longe dos conhecidos animes de aventura infanto-juvenis, e é precisamente isso que a série tenta alcançar, com todas as convenções que podemos associar ao gênero: Sequências de luta completamente absurdas, perseguições em todo veículo imaginável, personagens f#dões e que não morrem fácil, frases de efeito cheias de humor negro, e tudo isso acompanhado de uma trilha sonora mais que adequada.
Aqui, as mulheres são fortes, independentes e bem bravas, e os protagonistas são criminosos que fazem o que fazem por dinheiro.
A história é ambientada em volta da fictícia Roanapur, uma cidade portuária na Tailândia e ponto de encontro para todo tipo de criminoso de todo lugar do mundo: mafiosos russos, mafiosos italianos, tríades chinesas, traficantes colombianos… E, claro, nem mesmo agentes disfarçados da CIA perderiam essa festa. O protagonista é Rokuro “Rock” Okajima, um executivo japonês que, ao navegar pelo sudeste asiático, é raptado e feito refém pela Black Lagoon, uma companhia que vive de fazer todo tipo de negócio sujo a bordo de um torpedeiro, desde transporte e entrega ilegais até pirataria e mercenarismo.
Os membros da Black Lagoon são o negro Dutch, o capitão; o judeu-americano Benny, o mecânico e navegador; e a sino-americana Revy, a hábil atiradora e certamente a personagem que mais se destaca na série, sempre armada com suas duas pistolas e seu temperamento ácido (nota: é estabelecido que todos os personagens falam inglês entre si, o que gera uns resultados no mínimo curiosos quando se assiste à série com o áudio original japonês). Quando Rock descobre, porém, que seu chefe o abandonou à própria sorte, ele resolve se juntar à Black Lagoon e trabalhar ao lado deles.

A série é dividida em vários pequenos arcos independentes. Nenhum deles com mais que cinco episódios, cada um focado em algum trabalho no qual a Black Lagoon acaba se envolvendo, e sempre terminando em um confronto violento com uma grande e colorida variedade de outros criminosos: neonazistas, guerrilheiros, crianças perturbadoras, caçadores de recompensas, e, inclusive, uma “empregada” sul-americana à qual a Black Lagoon merecidamente apelida de “Exterminadora do Futuro”.
Portanto, não espere da série nenhum desenvolvimento muito aprofundado dos personagens. Isso não quer dizer, porém, que a narrativa não se desenvolve em nada, nem que não haja tensão ou drama: o desenvolvimento é simples e lento, mas está lá, principalmente com Rock, que começa como um protagonista quase invisível em meio a tantos personagens mais legais que ele, e ao final torna-se mais interessante, assumindo pra si o papel de estrategista do grupo, com a mentalidade traiçoeira de um pirata.
Mas convenhamos, sabemos qual é o foco principal aqui: sequências de ação rápidas, exageradas e divertidas. E isso Black Lagoon entrega com uma qualidade acima da média, imitando bastante o estilo dos filmes de ação dos anos 80 e 90, com alguns elementos emprestados de filmes de gângsteres de Hong Kong e inclusive faroestes italianos (é difícil assistir à série sem pensar em diretores como John Woo e Quentin Tarantino).

Mas além de se destacar como uma série de ação, Black Lagoon também se destaca como um anime, explorando novas possibilidades para o estilo. Em primeiro lugar, pela sua animação limpa, fluida e consistente, como já é tradição da Madhouse (responsável também por animes como Death Note, One-Punch Man e a segunda adaptação de Hunter x Hunter), e que assim valoriza as explosões e tiroteios no melhor sentido da expressão “violência estetizada”.
A comédia da série é também bastante “ocidentalizada”, fazendo várias referências à cultura pop ocidental que, além de servirem para divertir o público, também dão um fundamento da série na realidade, reforçando a impressão de que um lugar como Roanapur e as pessoas que por lá circulam realmente poderiam existir.
Mais do que isso, porém, há também os personagens, que fogem dos clichês já conhecidos de animes. Portanto, esqueça as adolescentes bonitinhas que não conseguem fazer nada sem um homem mais velho por perto, e os heróis fantásticos que vivem para buscar sempre por um adversário mais forte. Aqui, as mulheres são fortes, independentes e bem bravas (embora, como se percebe logo na abertura, ainda um tanto objetivadas), e os protagonistas são criminosos que fazem o que fazem puramente por dinheiro.
Se você gosta de ação, este é definitivamente o anime para você, com toda a glória da violência gratuita. E mesmo que você não leve o gênero muito em conta, mesmo assim talvez valha a pena dar uma conferida nos dois primeiros episódios – quem sabe eles te deixem contente e interessado em assistir ao restante da série.