Nesses últimos dias não se fala de outra coisa: a Copa do Mundo é o assunto do momento. E, consequentemente, sendo o craque da seleção brasileira, o “menino Ney” é o nome mais citado – ainda mais depois do jogo de estreia do Brasil, no último domingo, 17, e a chuva de memes que surgiram envolvendo o jogador.
Mas esse texto não é sobre o Neymar Jr. É sobre Bruna Marquezine.
Então porque comecei falando sobre o jogador e sobre a copa? Porque nas últimas semanas, a atriz tem estado em destaque na mídia. Mas não por sua carreira, por seu papel na atual novela das sete, Deus Salve o Rei, ou qualquer outro motivo imaginável pelo fato de ela ser quem é. O motivo de tanta notícia é simplesmente por ela ser a namorada do Neymar.
Na semana que antecedeu o primeiro jogo, todos os dias saiam especulações se a atriz iria ou não para a Rússia para ver o primeiro jogo. O apresentador da Band e ex-jogador Neto, em entrevista para a TV Fama, chegou a opinar que ela não deveria ir porque “mulher não ajuda em nada, só atrapalha”. Algumas fake news afirmaram que os diretores da trama na qual a atriz interpreta a vilã Catarina estavam tendo problemas pelo fato dela querer viajar no meio das gravações. Mas como falei, as notícias eram falsas.
Fabrício Mamberti, diretor-geral de Deus Salve o Rei, disse, em entrevista para a UOL, que Marquezine manifestou publicamente sua vontade de viajar para a Rússia, mas não tornou isso uma imposição. Resultado: ela não estava no primeiro jogo, pois o roteiro de gravações da semana passada contava com muitas cenas da sua personagem. Porém, conseguiu adiantar as gravações das suas cenas dessa semana e fará um bate e volta de dois dias para ver a partida de sexta-feira (dia 22), às 9h.
Mas isso não foi suficiente. Ela foi duramente criticada nas redes sociais por não ter ido acompanhar a estreia do namorado na Copa. Alguns comentários maldosos chegaram a culpá-la pelo fraco desempenho do jogador na partida. Além disso, no final de maio, o jornalista Flávio Ricco, do UOL, questionou, em sua coluna, se a atriz preferia “continuar sua carreira” ou “ser namorada de Neymar”.
O texto tendencioso fez com que Bruna se manifestasse no Twitter e rebatesse as críticas, afirmando que esse tipo de comentário é fruto do machismo: “Posso, sim, conciliar meu trabalho e minha vida pessoal, assim como tanta gente faz. Parem de me enxergar como alguém menor porque sou mulher e deveria ‘escolher acompanhar o meu parceiro’. Por que o Neymar nunca foi questionado se largaria o futebol para morar aqui no Brasil e ficar perto de mim enquanto eu trabalho aqui? Os nossos trabalhos não são uma questão no nosso relacionamento”.
‘Não importa o que eu faça, tudo é associado ao Neymar. É cruel. […] Sou mais do que isso. Minha existência nesse mundo não se resume ao meu namorado’, afirma Marquezine.
A jovem disse achar importante usar as redes sociais para se pronunciar sobre as polêmicas a respeito de sua vida pessoal e esclarecer boatos transmitidos pela imprensa. “Hoje sinto que alguns pronunciamentos se fazem necessários para que que as pessoas entendam que eu não sou isso ou só isso que estão querendo fazer parecer. Esses pronunciamentos têm uma função social importante para que essa indústria mude cada vez mais para melhor”.
Um exemplo disso é o depoimento que deu para a jornalista Marina Caruso, em recente entrevista para o jornal O Globo (sobre a qual afirmou nas redes sociais não ter gostado do resultado): “Não importa o que eu faça, tudo é associado ao Neymar. É cruel. […] Sou mais do que isso. Minha existência nesse mundo não se resume ao meu namorado”.
Realmente, Bruna Marquezine tem uma carreira consolidada desde os 5 anos de idade. É famosa muito antes do atacante da seleção brasileira entrar para um time de destaque. Já fez grandes papeis na teledramaturgia. Ainda assim, a frase “a namorada do Neymar” é usada como “pronome de tratamento” em muitos lugares quando se quer fazer referência à atriz. Dificilmente vamos ver o contrário: “namorado de Bruna Marquezine” nunca vai ser a principal característica do jogador. Tudo isso, como ela própria comentou, é fruto de uma sociedade machista. E só mostra que ainda há muito para conquistar na luta feminista. Mas, vamos em frente!