Não é de hoje que sabemos que Novo Mundo é querida pelo público. A atual novela das seis tem a melhor audiência desde Cheias de Charme (2012) e está sempre repercutindo nas redes sociais. Isso porque a novela está sempre se renovando, trazendo novidades à trama, e não tem enrolação na história, as famosas barrigas.
A novela é um sucesso. Mas esse não é o assunto desse texto. Na última semana, a produção teve uma imensa repercussão na internet, mas o motivo em nada teve a ver com as qualidades da trama. Algumas cenas chamaram a atenção por apresentarem indiretas (bem diretas na verdade) ao presidente Michel Temer.
No capítulo do dia 29 de agosto, terça-feira passada, em um diálogo entre os vilões Thomas e Sebastião, o personagem de Gabriel Braga Nunes disse “Presidentes não são julgados nunca. Presidentes são sempre inocentes”, ao que o personagem de Roberto Cordovani respondeu “Sempre foi assim e sempre será” (assista aqui).
Na quarta-feira, dia 30, uma sequência entre Leopoldina (Letícia Colin) e Dom Pedro (Caio Castro) apresentou frases com duplo sentido. Em defesa à Independência do Brasil, Leopoldina disse: “Sempre tive medo da independência, mas agora é hora de olhar para a frente. Basta de temer! Precisamos inaugurar um novo tempo para o Brasil!”. “Tens razão, meu amor. Chega de temer”, falou Dom Pedro, com um sotaque lusitano, deixando o verbo “temer” ainda mais parecido com o sobrenome “Temer” (assista aqui).
Sábado, dia 2 de setembro, tivemos uma cena em que Libério (Felipe Silcler) soltou um “Temer Jamais”, após ver que sua certidão de nascimento o declarava como um homem livre – na trama o personagem é negro e filho de uma escrava (veja aqui).

Alguns comentários que rolaram no twitter foram:
“Novo Mundo tá pisando MUITO no Temer. Que orgulho cara”.
— Lucax 🍓 (@lucxxx) 3 de setembro de 2017
“A quantidade de referências à política atual na novela Novo Mundo tá cada vez melhor. Hoje rolou até um ‘Temer Jamais’ hahahaha”.
— Maitê Marchandt (@MayMarchandt) 3 de setembro de 2017
“Os autores de Novo Mundo estão arrasando! Segunda vez que diálogos como: ‘não devemos TEMER!’ e ‘TEMER jamais’ aparecem!! Chega de TEMER!”.
— Gabi Mafra (@gabimmafra) 2 de setembro de 2017
“Acho extremamente interessante quando na novela Novo Mundo fala ‘Temer jamais’ hauahha #foratemer”.
— isaamont (@marsbeca) 2 de setembro de 2017
Mas se alguém ainda duvida que tenha sido indireta e acha que foi apenas uma coincidência mal interpretada pelo público, a atriz Ingrid Guimarães – que interpreta Elvira na novela – mostrou que não: ela endossou a indireta e a usou para criticar o presidente. “Fica a dica”, escreveu ao publicar o trecho da sequência entre Leopoldina e Dom Pedro nas redes sociais. E já diz o ditado: se está na internet, é verdade.
Fica a dica.. pic.twitter.com/hSOryAhUUy
— Ingrid Guimarães (@IngridGuimaraes) September 1, 2017
E essa não é a primeira vez que o texto de Thereza Falcão e Alessandro Marson faz referência ao momento político atual. Um exemplo é o capítulo do dia 24 de julho, no qual o vilão Thomas (Gabriel Braga Nunes) explicou a Licurgo (Guilherme Piva) e Germana (Vivianne Pasmanter) por que Bonifácio é contra a Constituinte: “Porque numa Constituinte qualquer imbecil pode ser eleito”. Acrescentou ainda para o dono da estalagem: “Licurgo, você sabia que daria um excelente deputado constituinte?” “Eu? Um representante do povo?”, responde. “Sim. Você seria um político perfeito. É um canalha, não tem escrúpulos, metido a espertalhão e só pensa em si mesmo. Você seria capaz de vender a própria mãe”, ensina Thomas. E nos capítulos posteriores Licurgo chegou a se eleger deputado.
Com a trama chegando no momento da proclamação da Independência do Brasil, provavelmente teremos ainda muitas outras referências e indiretas introduzidas nos diálogos. Resta assistir, identificar e nos divertir com os trocadilhos.
Quem não deve estar gostando da brincadeira é o inspirador das frases de duplo sentindo, mas espero sinceramente que os autores continuem sendo corajosos e aproveitando a ficção para dar cutucões e causar reflexões no público. Afinal, “chega de Temer”.