Criado por Phoebe Waller-Bridge (Fleabag), Killing Eve começou como uma história de investigação, que rapidamente se tornou sobre a complicada relação entre a detetive Eve Polastri (Sandra Oh) e a assassina Villanelle (Jodie Comer), em que ambas desenvolvem uma obsessão pela outra.
Desde o início da série, foi decidido que não se manteria a mesma showrunner (sim, todas são mulheres) por mais do que uma temporada. A troca de comando de um seriado é uma decisão arriscada, pois, por mais que se traga novas perspectivas e pluralidade, a chance de descontinuidade é grande.
Em sua primeira temporada, Waller-Bridge construiu um jogo de gato e rato com as duas protagonistas, uma trama envolvente e narrativa fluida cheia de humor ácido. Com sua saída, Emerald Fennell (Promising Young Woman) assumiu o comando do segundo ano e tentou capturar a dinâmica entre as duas personagens com certo sucesso. Já em sua terceira temporada, Killing Eve teve direção de Suzanne Heathcote (Fear the Walking Dead). E desandou.
Ao comando de Heathcote, a terceira temporada não teve um objetivo claro, com os personagens vagando por tramas secundárias que são ao mesmo tempo rasas e difíceis de entender. A produção pareceu se acostumar tanto ao abuso de coincidências que nem mais explica como os personagens chegaram a determinado lugar ou como sabiam que tal pessoa se encontrava lá.
Ao comando de Heathcote, a terceira temporada não teve um objetivo claro, com os personagens vagando por tramas secundárias rasas e difíceis de entender.
Outro ponto fraco é a banalização da morte – isso quando os personagens morrem. Pois, se o roteiro está destinado a manter personagens específicos vivos, não importa se eles são esfaqueados, baleados ou têm a garganta perfurada por um forquilha, vão sobreviver. Essa banalização está também no fato de as pessoas não sofrerem consequência nenhuma por matar, sejam elas legais ou psicológicas.
Na terceira temporada de Killing Eve, ficou claro que todo o peso foi para as costas das incríveis atuações de Sandra Oh e Jodie Comer, já que a história não se sustenta mais. A melhor parte da temporada foi sem dúvida o episódio “Are You from Pinner?”, que mostra a volta de Villanelle à sua cidade natal na Rússia para procurar a família. Todavia, nesse episódio Eve nem sequer aparece.
Sandra Oh, infelizmente, foi deixada para escanteio. Sua personagem perde absolutamente tudo de mais importante em sua vida, mas isso não parece ter grande importância no roteiro. Os momentos que os telespectadores mais anseiam durante as temporadas, quando ambas se encontram, acabam por mal acontecer na terceira.
Com uma primeira temporada brilhante, nossas expectativas ficaram altas, e a decepção é grande. Todavia, Killing Eve tem chance de recuperar as rédeas da narrativa com a nova escritora da quarta temporada, Laura Neal (Sex Education). Esperando respostas para as perguntas que não foram esclarecidas e que Killing Eve recupere o brilho inicial.