Maternidade, analfabetismo, violência sexual, racismo, trabalho infantil e feminicídio. Esses são alguns dos temas abordados na segunda temporada de Segunda Chamada e que fazem parte da realidade de muitos alunos das escolas públicas brasileiras.
As roteiristas Júlia Spadaccini (Tapas e Beijos) e Carla Faour (Além do Horizonte) voltam para mais um temporada que, desta vez, está fora da TV aberta e se encontra diretamente na plataforma de streaming Globoplay.
Mais madura e carregada de feridas mal cicatrizadas da primeira temporada, a série revela novos alunos na Escola Estadual Carolina Maria de Jesus, na periferia da Grande São Paulo. No abandonado ensino noturno, o foco agora se volta para um grupo de moradores em situação de rua, que são convidados a integrar a lista de presença diante da possibilidade do turno da noite ser fechado por ausência de matrículas.
Apesar dos personagens serem completamente diferentes uns dos outros – o que gera os mais diversos tipos de atrito -, em comum, essas pessoas têm a vontade de mudar de vida e veem na escola uma oportunidade para quebrar o ciclo de pobreza e falta de oportunidades.
Na série, a escola é esperança. Ao mesmo tempo que é um grito de socorro para a educação.
Inclusive, Débora Bloch volta mais fortalecida e sensível do que nunca – no papel da professora de Língua Portuguesa Lúcia – em uma dinâmica potente com Hélio (Ângelo Antônio), um dos moradores em situação de rua e que também sofreu uma perda familiar.
Apesar de tocar com maturidade e sem forçar a barra em temas atuais e necessários da sociedade brasileira, a segunda temporada de Segunda Chamada infelizmente não nos deu tempo suficiente para nos apegarmos aos alunos, como a primeira fez. Um dos motivos principais, talvez, seja o fato de essa nova leva ter apenas 6 episódios, e não 11 como a anterior. Além disso, os depoimentos ao fim de cada capítulo, contando histórias reais de ex-alunos de ensino noturno, fizeram falta.
Os desdobramentos das histórias paralelas dos professores seguem tomando o espaço necessário e emocionante. Lúcia tenta fechar as feridas deixadas pelas descobertas sobre seu filho. Sônia (Hermila Guedes), de saída de um relacionamento extremamente abusivo, segue em crescimento. Eliete, vivida por Thalita Carauta, amadurece seu relacionamento com o diretor Jacir (Paulo Gorgulho). E Marco André (Sílvio Guindane) precisa viver o dilema que foi aberto no fim da primeira temporada de revelar (ou não) para sua mãe biológica, que passa a estudar no colégio, que é seu filho.
Em Segunda Chamada, os professores são verdadeiramente heróis, mas sua luta não é em momento nenhum romantizada. É a realidade nua e crua do descaso com a educação brasileira, principalmente com o ensino noturno.
Na série, a escola é esperança. Ao mesmo tempo que é um grito de socorro para a educação.
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