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‘Depois de Horas’: o filme “estranho” na filmografia de Martin Scorsese

Entendida como uma obra menos importante de Martin Scorsese, 'Depois de Horas' é uma divertida (e obscura) comédia de erros.

porMaura Martins
8 de julho de 2025
em Cinema
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Roteiro de Joseph Minion foi sua tese na universidade. Imagem: The Geffen Company / Divulgação.

Roteiro de Joseph Minion foi sua tese na universidade. Imagem: The Geffen Company / Divulgação.

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Os fãs de carteirinha de Martin Scorsese talvez não saibam bem onde encaixar Depois de Horas, o estranho filme que ele realizou em 1985, enquanto a produção de seu clássico A Última Tentação de Cristo estava temporariamente parada. Realmente, essa pequena obra meio filme noir meio comédia tragicômica parece distante de tudo o que o grande diretor fez antes e depois. Quase como se não se encaixasse em sua identidade.

Mas atrás de toda essa estranheza, há um filme interessante e peculiar que merece ser revisitado. Depois de Horas é uma comédia daquelas em que a graça é ver como tudo dá errado quando coincidências ocorrem e erros vão se encadeando um após o outro. Mas há outro discurso mais sutil, e que precisa ser observado à luz da época de sua produção: os famigerados anos 1980 com sua ética e estética yuppie, termo que designava os jovens e modernos profissionais que ganhavam muito dinheiro nessa época em Nova York (e que talvez pudessem, de forma livre, ser comparados aos “faria limers” em São Paulo).

O personagem principal, Paul Hackett (papel de Griffin Dunne, popularizado mais recentemente por ter vivido o tio Nicky Pearson em This is Us), não parece ser exatamente um yuppie, mas está inserido no sistema mecanizado e tecnológico dos trabalhos que não paravam de surgir. Entendemos que ele tem um emprego chato em um escritório cheio de executivos. O cenário é arrojado (pelo menos para a época), mas Paul é um mero burocrata, um “apertador de parafusos” enquanto mexe em seu computador jurássico.

Depois de Horas mostra que mesmo uma história banal pode ganhar luzes raras quando vai parar nas mãos de um dos maiores cineastas de todos os tempos.

Sua expressão enfadonha sugere que ele deseja que algo mude. E isso acontece quando vai a um café e começar a reler Trópico de Câncer, de Henry Miller (o livro não é escolhido por acaso), o que o faz engajar em uma conversa com uma interessante mulher que está em outra mesa. A conexão é estranha: Marcy (Rosanna Arquette) passa a ele um telefone de uma amiga escultora que faz pequenos pesos de papel com gesso, em formato de bagel com cream cheese.

Não há muito o que perder. Por isso, Paul resolve ligar para o número que foi anotado em sua cópia do livro. Mal sabe ele que está voluntariamente se enfiando em uma grande furada.

‘Depois de Horas’: uma comédia cheia de absurdos

Nessa estranha comédia de erros, tudo parece falhar o tempo todo. Paul, como entendemos, não fica exatamente encantado com Marcy – o que ele quer, no fundo, é só um pouco de sexo para compensar a sua vida chata e repetitiva. Mas isso vai envolver um mergulho na parte perigosa da cidade, saindo do ambiente controlado onde vive e pagando um preço alto demais por isso (o que coloca uma camada de culpa na história).

Basicamente, Paul vai parar no Soho – um bairro algo marginal e artístico em Nova York nesta época – e só se mete em roubadas. Primeiro, é o seu dinheiro que voa pela janela do táxi, impossibilitando que ele tenha como pegar um metrô e voltar para casa. Ao ir atrás de Marcy em um estúdio obscuro, ele vai rapidamente se dando conta que ali tem mais drama do que a possibilidade de um encontro sexual.

Ao tentar escapar dali, Paul passa a encarar diversos personagens misteriosos – que, curiosamente, têm sempre uma promessa de ajudá-lo a sair da furada em que se enfiou. É a escultora sadomasoquista Kiki (a belíssima Linda Fiorentino), uma garçonete carente nos anos 60 (Julie Garr), um bartender com histórico violento (John Heard, o pai de Kevin em Esqueceram de Mim) e uma mulher que possui um carro de sorvetes (Catherine O’Hara – a mãe de Kevin em Esqueceram de Mim!).

Paul Hackett busca refúgio em um bar. The Geffen Company / Divulgação.

Tudo que Paul tenta fazer para se salvar – ou apenas transar – termina em decepção, mostrando que talvez ele devesse ter ficado quieto. O que impressiona, para a época, são as estratégias usadas por Scorsese para poder filmar essa sua obra mais mundana, o que envolve planos complexos, como quando Kiki joga as chaves do apartamento para o protagonista.

A ansiedade trazida na história de um homem mergulhado no caos das coisas aparentemente simples dá a Depois de Horas ares de obra de Kafka, e mostra que mesmo uma história banal pode ganhar luzes raras quando vai parar nas mãos de um dos maiores cineastas de todos os tempos.

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Tags: CinemaDepois de HorasGriffin DunneMartin Scorsese

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