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‘Operação Impensável’: sobre risos e ruminações

Em 'Operação Impensável', Vanessa Barbara conta uma história de amor que oscila entre o humor nerd e o drama convencional.

porEder Alex
25 de novembro de 2015
em Literatura
A A
'Operação Impensável': sobre risos e ruminações

Imagem: Reprodução.

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Tenho um problema sério com spoilers. Tanto quanto o diabo foge da cruz ou a “Senhora, senhora?” foge da jornalista da Rede Globo, também fujo das informações prévias sobre um livro ou um filme. Trailer, por exemplo, acho coisa do demônio. Essa aversão me leva, às vezes, a ignorar até as informações que estão na orelha do livro (que não deixam de ser uma espécie de trailer e, portanto, coisa do Coisa Ruim). Portanto encarei Operação Impensável, da Vanessa Barbara, nessa escuridão de informações. O que eu sabia previamente sobre o livro lançado esse ano pela editora Intrínseca era o seguinte: a obra ganhou o Prêmio Paraná de Literatura; demoraram um tempão pra pagar o dinheiro do prêmio, maior vergonha alheia etc; e o enredo tinha algo a ver com guerra, então deveria ser bem triste. E só. Eis que uma dúzia de páginas após o início da leitura, lá estava eu, gargalhando com o livro no colo (na verdade a expressão mais polida que define a situação talvez seja “me mijando de rir”).

Ué, mas não era um livro de guerra? Mais ou menos, com vantagem para o menos. Operação Impensável, além do nome dado à ofensiva encomendada por Winston Churchill após a Segunda Guerra, é também uma história de amor entre Tito, um programador, e Lia, uma historiadora que pesquisa a Guerra Fria. Vanessa Barbara dá aquela piscadinha marota pro leitor e vai contando fatos históricos bizarros/cômicos envolvendo EUA e União Soviética, que de alguma maneira acabam dialogando com o cotidiano do casal aqui no presente. Portanto vai dar merda nesse relacionamento e a gente já sabe logo de cara.

O humor todo intelectual, com jeitão de filme do Woody Allen, que permeia o início da relação é o que há de melhor no livro, pois soa fofo em vez de pedante. A cumplicidade do casal vai sendo desenvolvida com tiradas hilárias e pieguices via e-mail, mas o que se destaca de verdade é o Grande Livro do Cinema. Trata-se de um livro que o casal escreve junto, composto de reações, reflexões, observações e principalmente zueras a respeito de vários filmes, que vão de uma clara predileção por clássicos do Billy Wilder até “obras” (?) mais recentes como Transformers.

Vanessa Barbara dá aquela piscadinha marota pro leitor e vai contando fatos históricos bizarros/cômicos envolvendo EUA e União Soviética.

Vanessa tem boa mão para escrever humor. Foge do óbvio; não subestima a inteligência do leitor; tem uma ironia mal comportada e bem divertida; entope o livro de referências, mas elas não parecem gratuitas; e, além disso, insere curiosidades sobre a Guerra Fria que mais parecem esquetes do Groucho Marx, como o treinamento de pombos espiões ou os investimentos em pesquisas paranormais.

A pedra no caminho surge quando a história perde a graça e precisa abraçar o drama. Ok, desde o início já sabemos que se trata de um relacionamento que não deu certo, faz parte inclusive da referência presente no título, mas é uma pena que o livro não consiga sustentar o mesmo ritmo da primeira metade e caia tanto do meio para o final. E isso não está relacionado a algum tipo de torcida ingênua por final feliz (afinal, nem leitor do Nicholas “Câncer Terminal” Sparks acredita em final feliz), é mais uma questão de estrutura narrativa mesmo, de ritmo e enredo.

É impossível não fazer comparações com o livro Nada a Dizer, de Elvira Vigna, que trata do mesmo assunto. É claro que uma obra não precisa ser julgada por aquilo que não é ou poderia ter sido, mas o fato é que Operação Impensável chega a citar, mais de uma vez, o livro de Elvira e aí fica difícil não perceber a sombra da obra maior – que fala sobre uma mulher perdendo a si mesma enquanto perde o casamento – pairando sobre a história que estamos lendo. Não que o tema já esteja esgotado, mas é que já fizeram antes e de uma maneira mais interessante. A composição do enredo, que resgata a ruína de um casamento através da comunicação escrita entre o casal, já foi utilizada de modo mais impactante, por exemplo, pelo escritor israelense Amós Oz, no excelente A Caixa Preta.

A autora faz o leitor se envolver o suficiente com aqueles personagens para que ele possa lamentar a destruição que se aproxima, mas a virada de tom no meio da obra é um tanto insípida e as citações históricas começam a aparecer de forma excessiva, então o ritmo fica comprometido, assim como a nossa preocupação com a protagonista. Em algum momento, a história quase se reduz a apenas e-mails sendo fuçados, seguido de D.R.’s e autocomiserações. É possível que a ideia seja essa mesma, mostrar o ridículo da situação degradante, o fim da cumplicidade, a dor ruminada, o desejo meio desconjuntado de vingança, a desintegração de um amor que já não se alimenta de gracinhas inteligentes, a ausência física do outro que se transforma numa presença insuportável na mente daquele que sofre, mas mesmo assim não escapa de ser mais do mesmo e isso é muito pouco perto do que lemos no início.

O equilíbrio entre humor e o drama é algo muito difícil de alcançar e a chave para melhor compreender isso talvez esteja na citação de Boris Vian utilizada no livro: “O humor é a delicadeza do desespero”. Alguns autores e filmes citados ao longo de Operação Impensável conseguiram esse equilíbrio, já o romance em si não consegue, mas pelo menos tenta de maneira honesta.

OPERAÇÃO IMPENSÁVEL | Vanessa Barbara

Editora: Intrínseca;
Tamanho: 224 págs.;
Lançamento: Outubro, 2015.

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Tags: Crítica LiteráriaEditora IntrínsecaLiteraturaOperação ImpensávelResenhaVanessa Bárbara

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