• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Música

O dia em que Gay Talese escreveu um perfil de Frank Sinatra

Coluna presta homenagem ao músico Frank Sinatra, que completaria 100 anos no último dia 12, rememorando o brilhante perfil feito por Gay Talese.

porAlejandro Mercado
14 de dezembro de 2015
em Música
A A
O dia em que Gay Talese escreveu um perfil de Frank Sinatra

Frank Sinatra em cima do palco. Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Um dos artigos mais notáveis do jornalista Gay Talese foi o perfil que fez do cantor Frank Sinatra, falecido em maio de 1998, e que completaria 100 anos no último sábado, 12 de dezembro.

Escrito em 1965 e publicado pela revista Esquire, revisitei o texto este fim de semana, motivado pelo aniversário do icônico músico norte-americana. À época do artigo, Sinatra ainda se aproximava de completar 50 anos. Neste ano, o músico gravou September of My Years, que juntamente com A Man and His Music e Strangers in the Night fariam com que sua carreira musical atingisse grande popularidade. September of My Years é um dos grandes discos de Frank Sinatra, ao menos em minha opinião. “It Was a Very Good Year”, primeira faixa do lado B do disco, venceu o Grammy Award de melhor performance vocal masculina.

Voltando ao texto de Talese, “Frank Sinatra Has a Cold” foi um marco no jornalismo, um retrato fiel de uma das figuras mais célebres da história da música. Sinatra não estava no “clima” para uma entrevista. Ficou horas segurando um copo de uísque em uma das mãos e um cigarro na outra, cercado por duas loiras em um canto escuro do bar, que esperavam que ele dissesse algo, “mas ele não disse nada”, conta Talese. Frank Sinatra era justamente isso. Vivia à sua maneira, entre bebidas, mulheres (muitas), mafiosos, presidentes e brigando sempre com a imprensa.

Ostentando seu terno Oxford cinza com um colete, um lenço de seda em seu bolso e uma peruca preta (que usava “para dar sorte”), Sinatra teve seus olhos azuis (sua mais marcante característica, além da voz, é claro) eternizados por Gay Talese. O jornalista os descreveu como “capazes de, em segundos, lançarem um olhar frio e raivoso ou brilhante e afetuoso.”

Sinatra estava trabalhando em um filme que, segundo Talese afirma no perfil, ele não gostava nem um pouco. “Estava cansado de toda a publicidade sobre seus relacionamentos”, “com raiva de um documentário de televisão sobre sua vida feito pela CBS”, “incomodado com as especulações sobre sua possível amizade com líderes da máfia”. Ele estava doente, gripado. O nome do artigo carregava um certo tom metafórico. A doença, neste caso, poderia ser representada por outros tantos motivos, como apontou o jornalista ao perfilá-lo. Mergulhado em um estado de angústia? Depressão profunda? Pânico? Raiva? Para todas as circunstâncias, Frank Sinatra estava resfriado.

O nome do artigo carregava um certo tom metafórico. A doença, neste caso, poderia ser representada por outros tantos motivos.

O fato é que o resfriado de Sinatra afetava profundamente sua voz, e a indústria queria tirar cada pedaço possível dele, fazendo-o cantar até que sua voz sumisse. Sinatra sentia-se nu sem sua voz. Gay Talese afirmou que o músico sem sua voz era “como um Picasso sem pintura”, era como se algo acontecesse ao presidente dos Estados Unidos e, de repente, a economia norte-americana fosse abalada.

Sinatra vivia cercado de amigos leais, entre eles o ator Brad Dexter, que ganhou notoriedade por salvar o músico de um afogamento no Havaí. Dexter não se incomodava com o fato, pelo contrário, aceitava de bom grado. Segundo o ator, “mataria por ele”. E, por mais dramático que pudesse soar, era esse o tipo de atração que o cantor causava em que por perto dele estivesse, ao ponto de “expressarem uma fidelidade feroz”, como apontou Talese. “Eles o abordavam como se chegassem a um santuário. Eles vinham prestar respeito.”

“Numa época em que os mais jovens parecem estar tomando conta, protestando, fazendo piquetes e exigindo mudanças, Frank Sinatra sobrevive como um fenômeno nacional, um dos poucos produtos pré-guerra para resistir ao teste do tempo.” E realmente, o cantor e ator sobreviveu ao tempo, às especulações, à bebida e aos inúmeros romances, e fez tudo isso vivendo em um mundo particular, onde ele parecia estar a milhas de distância para não ser afetado nem mesmo quando era obrigado a se ouvir cantando. Curioso imaginar que Sinatra chegou ao topo derrubando os Beatles com uma canção da qual ele não gostava – “Strangers in the Night”, de Bert Kampfert.

O texto de Talese sobre Sinatra é realmente inspirador, uma aula de jornalismo (leia-o aqui, em inglês). Impossível imaginar que o jornalista não saiu dali tão hipnotizado pelo músico como qualquer outro de nós, simples seres humanos. “Já não importa mais qual canção ele está cantando, ou quem escreveu as palavras – elas são todas suas palavras, seus sentimentos, elas são capítulos da novela lírica de sua vida.”

VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, QUE TAL CONSIDERAR SER NOSSO APOIADOR?

Jornalismo de qualidade tem preço, mas não pode ter limitações. Diferente de outros veículos, nosso conteúdo está disponível para leitura gratuita e sem restrições. Fazemos isso porque acreditamos que a informação deva ser livre.

Para continuar a existir, Escotilha precisa do seu incentivo através de nossa campanha de financiamento via assinatura recorrente. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

Se preferir, faça uma contribuição pontual através de nosso PIX: pix@escotilha.com.br. Você pode fazer uma contribuição de qualquer valor – uma forma rápida e simples de demonstrar seu apoio ao nosso trabalho. Impulsione o trabalho de quem impulsiona a cultura. Muito obrigado.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: EsquireFrank SinatraGay TaleseJornalismoJornalismo LiterárioMúsicaperfil

VEJA TAMBÉM

Grupo indiano chega ao Brasil com disco novo, em parte de extensa turnê de lançamento. Imagem: Tenzing Dakpa / Divulgação.
Música

C6 Fest – Desvendando o lineup: Peter Cat Recording Co.

8 de maio de 2025
Cantora retornou ao Brasil para apresentação histórica na praia de Copacabana. Imagem: Reprodução.
Música

ANÁLISE: A noite em que todos fomos Lady Gaga

6 de maio de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Exposição ficará até abril de 2026. Imagem: Gabriel Barrera / Divulgação.

Exposição na Estação Luz celebra a Clarice Lispector centenária

8 de maio de 2025
Grupo indiano chega ao Brasil com disco novo, em parte de extensa turnê de lançamento. Imagem: Tenzing Dakpa / Divulgação.

C6 Fest – Desvendando o lineup: Peter Cat Recording Co.

8 de maio de 2025
O escritor José Falero. Imagem: Reprodução.

Contundente e emocionante, ‘Vera’ evidencia a alta qualidade da literatura de José Falero

7 de maio de 2025
Jesuíta Barbosa encarna Ney Matogrosso na cinebiografia do cantor. Imagem: Paris Filmes / Divulgação.

‘Homem com H’ revela a insurgência de Ney Matogrosso sem recorrer a mitificações fáceis

7 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.