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‘Ainda Há Tempo’: sobre música em construção

Criolo exemplifica ao regravar seu primeiro disco, 'Ainda Há Tempo' como é possível manter a música viva e em transformação.

porLucas Paraizo
2 de junho de 2016
em Música
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'Ainda Há Tempo': sobre música em construção

Criolo regravou seu primeiro disco, 'Ainda há Tempo'. Imagem: Divulgação.

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Música original é uma expressão artística totalmente pessoal. Tanto criar quanto ouvir música são atos que passam por filtros dentro de nós que definem e dão significado. Uma letra escrita em determinado momento pode ser a catarse de sensações que mais definem o autor naquele instante, mas as pessoas mudam. Os sentimentos mudam e nós somos uma constante mudança de referências. Talvez eu não concorde mais com um texto que escrevi ano passado, e isso é bom. Quer dizer que mudei e que adquiri novos filtros (ou quebrei alguns deles). É como quando relemos dez vezes o mesmo texto que escrevemos e, em cada uma delas, encontraremos algo para lapidar. O resultado, no entanto, nunca deixará de ter farpas.

A partir do momento em que a música é a expressão da pessoa, não é tão surreal assim pensar que, por que não, ela também não pode mudar no mesmo passo que o seu criador? Às vezes são mudanças sutis, mas que, no conceito de música como alvo vivo, em transformação e em construção, representam renovações interessantes na imagem da canção. É, basicamente, o que acontece com o rapper Criolo em seu lançamento recente, a regravação de Ainda Há Tempo, seu primeiro disco, original de 2006.

Dez anos atrás, ele ainda assinava como Criolo Doido, lançava seu primeiro disco completo e, de lá pra cá, virou astro da MPB, lançou outros dois grandes álbuns e virou uma das principais figuras da música brasileira contemporânea. O ouvir regravar nove faixas de mais de uma década atrás mostra, no entanto, como Criolo manteve sua essência. A mensagem de esperança do disco se manteve atual e presente nas suas canções mais recentes, mas a nova versão do trabalho mostra bem o olhar do mesmo homem dez anos depois.

Além das mudanças nas batidas, que agora ganham todas as influências que Criolo juntou nos últimos anos, a transformação de Ainda Há Tempo fica evidente na mudança de uma frase em uma faixa. Em “Vasilhame”, na versão original, ele usava em uma estrofe a expressão “traveco” de uma forma pejorativa. Hoje, Criolo é um dos artistas mais presentes na luta contra o conservadorismo, em prol de mais direitos LGBT e outras causas, então não faria mais sentido a ação considerada transfóbica. Ao simplesmente tirar da canção a parte em que cita a palavra, o rapper mostra como é possível mudar – ou atualizar – sua obra de acordo com sua mudança como pessoa.

Ao simplesmente tirar da canção a parte em que cita a palavra pejorativa, o rapper mostra como é possível mudar – ou atualizar – sua obra de acordo com sua mudança como pessoa.

O brasileiro regravou seu disco dez anos passados para atualizar sua canção, embora nas apresentações ao vivo já estivesse fazendo suas transformações também. Mas, em tempos de internet e streaming, manter uma obra viva parece cada vez mais fácil. Dá pra relacionar o caso com Kanye West, que vêm tratando seu disco mais recente, The Life of Pablo (2016), quase como um software, atualizado de tempos em tempos com uma versão nova. Nas semanas seguintes ao lançamento do álbum, enquanto ele estava disponível somente na plataforma TIDAL, West o tirou e colocou novamente no serviço algumas vezes, com atualizações nas batidas de algumas músicas e até colocando e tirando faixas.

Claro que pequenos erros fazem parte da arte e dão até certo charme aos clássicos de certa forma, enquanto o perfeccionismo de nunca estar contente com a obra pode ser prejudicial. Mas é interessante imaginar a música como algo sempre em construção, sempre em mudança, com liberdade para criar e recriar em cima dela, como um organismo vivo que responde aos sinais do seu criador.

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Tags: Ainda Há TempoCrioloCrítica MusicalHip-HopKanye WestsMúsicaMúsica BrasileiraRapThe Life of Pablo

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