Inevitável pensar a respeito de nossa existência no mundo. Para além da pergunta sem resposta “de onde viemos e para onde vamos”, pensar o que significamos, quão frágil é nossa existência e quão efêmera pode ser nossa presença no mundo têm sido questões abordadas por obras literárias, pela filosofia e outros campos das ciências humanas, incluindo o cinema. De certa forma, esta é a premissa de Homo Sapiens, longa-metragem integrante da Mostra “Outros Olhares” do 5.º Olhar de Cinema.
Dirigido pelo austríaco Nikolaus Geyrhalter, Homo Sapiens convoca a esta reflexão a partir da filmagem de uma série de estruturas artificiais que foram deixadas para trás após desastres naturais, negligência humana ou quando o próprio tempo retirou sua utilidade e cobrou por seu fim.
Geyrhalter apresenta uma série de locais sem, no entanto, questionar ou cobrar grupos específicos. De Fukushima a Bulgária, passando pelos EUA, América do Sul e partes da Europa, o diretor filma casas, escritórios, shoppings, hospitais, igrejas, cinemas, instalações militares em vários estágios de decadência.
De Fukushima a Bulgária, passando pelos EUA, América do Sul e partes da Europa, o diretor filma casas, escritórios, shoppings, hospitais, igrejas, cinemas, instalações militares em vários estágios de decadência.
Porém, o que talvez seja a força do filme é, também, sua fraqueza. O diretor austríaco opta por não utilizar trilha sonora, falas ou atores. Seus protagonistas são os locais de filmagem e a trilha composta pelo som ambiente.
Como nada nunca é justificado (Por que estas cidades estão assim? Quem fez isso? Ninguém se interessou em procurar reconstruí-las?), e as sequências parecem por vezes se repetir, Homo Sapiens fica um pouco arrastado, deixando a impressão que o diretor poderia causar a mesma sensação em um curta-metragem.
Apesar disso, o objetivo da reflexão é atingido por Geyrhalter, que conduz nossa mente através de suas imagens, causando certo desconforto ao encontrar beleza na destruição, no resultado do caos humano.
É, sem sombra de dúvidas, um filme mais artístico, que caberia tranquilamente em uma galeria de arte ou museu como documentário da ação do homem no mundo.
Homo Sapiens tem mais uma exibição. Hoje, às 14h15, no Cineplex Batel.
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